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Selic a 15% desagrada setor produtivo, entidades e sindicatos; veja as críticas

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O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu interromper o ciclo de aumento, mas antes elevou a Selic pela sétima vez em 0,25 ponto percentual, alcançando 15% ao ano, o nível mais alto em 19 anos.

Essa decisão gerou críticas de organizações do setor industrial, do comércio e de centrais sindicais. Eles argumentam que o aumento da taxa de juros impactará negativamente a produção e os investimentos na economia brasileira.

Veja a seguir as principais críticas:

Abrainc

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) expressou preocupação em relação à decisão do Banco Central e destacou a importância de uma estratégia de longo prazo para a redução sustentável da taxa Selic.

“Atualmente, o Brasil possui a segunda maior taxa de juros reais do mundo. Nesse contexto, é crucial garantir acesso a financiamentos para o setor imobiliário a taxas acessíveis. Juros altos limitam o crédito, desestimulam investimentos produtivos e aumentam o custo da dívida para empresas e famílias, impactando diretamente o consumo, a geração de empregos e o crescimento econômico”, afirmou em comunicado.

Fiemg

A FIEMG considera que a elevação da taxa reflete uma política monetária excessivamente restritiva, apesar de indícios de desaceleração econômica e de uma recente melhora nas expectativas em relação à inflação.

Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, destaca que essa decisão pode limitar os investimentos no setor produtivo, aumentar os custos de produção, diminuir a competitividade e resultar em efeitos adversos sobre a criação de empregos e a renda.

“É crucial que as decisões relacionadas à política monetária sejam tomadas com prudência, considerando os efeitos tardios das ações já implementadas e o alto nível de restrição causado pela atual taxa de juros, para evitar consequências desproporcionais na atividade econômica e no mercado de trabalho”, enfatiza.

Apas

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) acredita que havia margem para manter a taxa estável ou até reduzi-la, sugerindo que o Banco Central poderia ter adotado uma decisão diferente.

“O momento atual exige uma política macroeconômica mais compatível com o desenvolvimento econômico interno, promovendo estímulos à produção e ao crescimento. Apesar da taxa elevada, ainda há expectativas de que o PIB cresça 2,2%. Com uma taxa mais adequada, sem dúvida, o crescimento do Brasil seria significativamente maior este ano”, afirma Felipe Queiroz, economista-chefe da associação.

CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera a elevação da Selic como “injustificada” e incompatível com o contexto econômico atual e futuro, já que a economia começa a sentir os efeitos da política monetária restritiva, como a desaceleração da inflação.

O presidente Ricardo Alban destaca que o setor produtivo não enfrentava uma taxa tão elevada desde 2006. “A irracionalidade dos juros e da carga tributária está comprometendo a capacidade dos setores produtivos, que já enfrentam um ambiente difícil e a possibilidade de aumento nos custos de crédito. É contraditório que o Banco Central se oponha ao aumento do IOF enquanto decide elevar a taxa de juros”, afirma.

ACSP

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) admite que o núcleo da inflação, que desconsidera os preços mais instáveis, permanece acima do limite da meta anual de 4,5% em 12 meses. No entanto, a entidade considera que a decisão do Copom foi inesperada para o mercado.

“Embora a atividade econômica interna esteja desacelerando lentamente e o Real se valorize, o que pode aliviar a pressão sobre os preços, a inflação subjacente continua bem acima da meta anual. Isso ocorre em um cenário de expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda desalinhadas, o que justifica uma política monetária mais rigorosa”, afirma Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.

CUT

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) critica o aumento da Selic, afirmando que isso prejudica as famílias e perpetua a transferência de recursos para o setor financeiro.

“Taxas elevadas desincentivam investimentos e consumo, o que afeta o mercado de trabalho. O Brasil poderia criar muito mais empregos de qualidade e com melhores salários se não fosse pela política monetária do Banco Central”, afirmou Juvandia Moreira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidente da CUT.

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