Analistas da XP Investimentos atribuem a recente desaceleração da inflação no curto prazo à queda do dólar e à valorização do real. A cotação média do dólar no primeiro semestre de 2025 ficou em R$ 5,75, inferior à estimativa de R$ 6 da corretora.
A XP calculou que o impacto da taxa de câmbio na inflação de bens industriais foi de 0,57 pontos percentuais (p.p) e na inflação geral do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,13 p.p. De acordo com os analistas, a premissa equivocada sobre o dólar resultou em projeções inflacionárias mais altas.
Conforme aponta um relatório da corretora, uma desvalorização de 10% na taxa de câmbio resulta em um aumento de 0,62 pontos percentuais (p.p) na inflação de bens industriais ao longo de quatro trimestres.
Os analistas realizaram simulações com cinco cenários para a cotação do dólar: estável (R$ 5,60, refletindo a média recente); pessimista (R$ 6,10); intermediário (R$ 5,85); com apreciação moderada (R$ 5,40); e otimista (R$ 5,10).
Mesmo na projeção mais otimista da XP para a taxa de câmbio, a inflação se situaria entre 3,4% e 3,5% ao final de 2026. Pelas estimativas, para que o governo atinja a meta de 3%, seria necessário que o dólar recuasse para R$ 4,80, cenário considerado pouco provável.
A XP projeta que o cenário de estabilidade cambial se manterá entre o final de 2025 e todo o ano de 2026. Considerando uma variação de 10% na taxa de câmbio, o impacto estimado é de 1,32 p.p nos preços de alimentos e de 0,30 p.p nos serviços, distribuídos ao longo de quatro trimestres.
“Na nossa visão, o cumprimento da meta demandaria não apenas uma taxa de câmbio mais valorizada, mas também uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica interna e/ou uma redução das expectativas inflacionárias de médio prazo”, afirmam os analistas da corretora.