Os resultados da Petrobras (PETR4) referentes ao primeiro trimestre de 2025 não atenderam às expectativas de vários analistas, levando as ações da companhia a iniciarem o pregão desta terça-feira (13) em baixa.
Por volta do meio-dia (horário de Brasília), as ações ordinárias PETR3 apresentavam uma queda próxima a 1%, sendo negociadas a R$ 33,82. Já as ações preferenciais PETR4 mostravam uma leve oscilação, com uma variação de apenas 0,03%, sendo cotadas em torno de R$ 31,64.
Entre janeiro e março deste ano, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 35,2 bilhões, o que representa um crescimento de 48,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os investimentos (Capex) totalizaram US$ 4,1 bilhões durante o trimestre, uma queda de 29,1% em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Contudo, esse valor reflete um aumento de 33,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, a Petrobras anunciou que distribuirá R$ 11,72 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), o que equivale a R$ 0,91 por ação.
Segundo especialistas, dois aspectos estão despertando atenção: os investimentos e a redução no preço do petróleo, que passou de aproximadamente US$ 80 para US$ 60.
Nem bom, nem ruim
Para o BTG Pactual, os resultados foram medianos; embora não tenham sido excelentes, também não chegaram a ser desastrosos.
A equipe de analistas chefiada por Luiz Carvalho observa que o capex, que era uma preocupação para alguns especialistas, se estabilizou após o pico do trimestre anterior.
Esse fato, segundo eles, sugere uma projeção para 2025, indicando que os dividendos devem ficar ligeiramente abaixo do consenso para o primeiro trimestre de 2025.
O lifting cost, que representa um dos custos operacionais da produção de petróleo, permaneceu inalterado. Contudo, a alavancagem líquida agora está em 1,45 vez e a dívida bruta atingiu US$ 65 bilhões com o preço do petróleo a US$ 70 por barril, resultando em uma margem de segurança mais estreita.
Os analistas também destacam que o EBITDA reportado pela companhia foi de R$ 62,3 bilhões, refletindo um crescimento trimestral de 8%, impulsionado principalmente por volumes maiores, spreads de refino mais altos e uma melhora nos preços do petróleo.
“O BTG Pactual tem mantido a Petrobras como nossa principal escolha no setor de petróleo e gás da região há algum tempo, devido à sua resistência em um mercado de petróleo mais volátil, operações robustas, custos competitivos, bom rendimento de dividendos e avaliação atrativa”, afirma a instituição.
Com o preço do Brent abaixo de US$ 80 por barril e a incerteza econômica persistente, os analistas ressaltam que a disciplina financeira continua sendo crucial para a tese. “Neste momento, a avaliação ainda é atraente, mas a assimetria entre risco e retorno começa a se deteriorar”.
O BTG Pactual mantém sua recomendação de compra para as ações da Petrobras, com um preço-alvo de R$ 58 para PETR4.
E os investimentos?
Os analistas Vicente Falanga, do Bradesco BBI, e Ricardo França, da Ágora Investimentos, observam que a empresa apresentou uma leve desaceleração em suas principais linhas de desempenho, mas destacam que o foco deve ser mantido no nível de investimentos nos próximos trimestres.
Eles lembram que a companhia iniciou o ano com um investimento de US$ 4 bilhões, ligeiramente acima do consenso do mercado, desafiando as projeções anuais.
“Seria positivo entender se esse montante diminuirá nos próximos trimestres para evitar que os números de investimentos e leasing da Petrobras superem a faixa de US$ 23 a US$ 24 bilhões para 2025, que está incluída em nossas estimativas e acreditamos ser o consenso”, comentam.
Na perspectiva do Santander, os resultados têm mostrado uma certa deterioração sequencial na qualidade, refletindo custos mais elevados e margens reduzidas. No entanto, os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz preveem uma recuperação devido ao aumento da produção nos próximos trimestres.
Com uma geração de caixa menor e adições de arrendamento à dívida bruta, os analistas ressaltam que a dívida líquida subiu para US$ 64,5 bilhões no trimestre, corroborando a visão de que 2025 será um dos anos mais desafiadores no plano estratégico financeiro da Petrobras.
“Em resumo, embora acreditamos que a qualidade dos resultados tenha se deteriorado marginalmente (com custos mais altos e margens menores), esperamos que a lucratividade melhore nos próximos trimestres com o crescimento da produção”, afirmam os analistas.
O banco atribui à Petrobras uma classificação “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado), com um preço-alvo de R$ 44.
Dividendos em risco?
Os dividendos da Petrobras ficaram um pouco abaixo das expectativas do mercado. Segundo a análise do BTG, embora o resultado do trimestre reforce a tese de investimento em relação à geração de caixa e ao desempenho operacional, o aumento da dívida líquida para US$ 56 bilhões limita parte da margem de manobra financeira.
“O guidance para os dividendos permanece dentro dos parâmetros da política da empresa, mas qualquer elevação nas metas de investimento pode afetar a previsibilidade dos pagamentos”, observa o banco.
A Genial Investimentos destaca que o rendimento em dividendos neste trimestre foi de 2,9%, equivalente a um retorno anualizado de 11,4%. No entanto, essa taxa pode não se concretizar se os preços do petróleo continuarem na faixa de US$ 60-65 por barril.
Os analistas Vitor Sousa e Ricardo Bello mencionam que um aumento estrutural nos investimentos pode gerar preocupações no mercado em relação à tese da empresa.
“Portanto, a atenção deve se voltar para o nível do preço do brent, considerando que o caso da Petrobras está intimamente ligado à sua capacidade de distribuir dividendos”, afirmam.
A Genial mantém sua recomendação de “manter”, com um preço-alvo de R$ 48 para as ações PETR4.
O que fazer com as ações da Petrobras?
Banco/Corretora | Indicação | Preço-alvo |
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BTG Pactual | Compra | R$ 58 |
Santander | Outperform (Compra) | R$ 44 |
Genial Investimentos | Manter | R$ 48 |