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Azul (AZUL4) revela o que pesou para decisão de recuperação judicial nos EUA — e promete sair em tempo recorde do Chapter 11

Um executivo da companhia aérea afirmou que a lentidão na liberação do crédito do governo influenciou a decisão de solicitar recuperação nos Estados Unidos.

A Azul (AZUL4) já estava enfrentando grandes desafios na aviação brasileira, mas um obstáculo específico foi crucial para a decisão da companhia de entrar com pedido de recuperação judicial no Chapter 11 nos Estados Unidos.

De acordo com Fábio Campos, vice-presidente comercial e de negócios da Azul, o atraso na liberação de um fundo de garantia de crédito para as companhias aéreas foi um fator significativo que influenciou a escolha de buscar a Justiça americana para reestruturar suas finanças.

“O que estávamos debatendo era a criação de uma linha de financiamento contínua e sustentável, semelhante ao que ocorre em setores como o agronegócio e a construção civil, mas que ainda não se aplica à aviação”, disse Campos durante uma conversa com jornalistas.

Ele explicou que a companhia buscou recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), mas “os recursos não chegaram até nós”.

Saída do Chapter 11 em tempo recorde

Apesar das dificuldades, a Azul acredita que sua recuperação será mais ágil em comparação com as concorrentes: a previsão é finalizar todas as fases do Chapter 11 até o final de 2025. Isso permitiria que a companhia concluísse o processo de recuperação no início do ano seguinte.

A Gol (GOLL4), que solicitou um pedido semelhante no começo deste ano, espera encerrar seu processo já em junho. Por outro lado, a Latam levou cerca de dois anos para completar sua recuperação, entre 2020 e 2022.

Segundo Campos, a recuperação da Azul deve ser mais rápida, pois já conta com o apoio dos principais credores, incluindo American Airlines e United Airlines, que devem se tornar acionistas da companhia brasileira ao final do processo.

No entanto, ele ressalta que ainda não é possível determinar qual será a participação exata dessas empresas na Azul, uma vez que isso depende de diversos fatores, como a avaliação da companhia no término da recuperação.

Nesta semana, a Azul obteve autorização para acessar imediatamente US$ 250 milhões de um financiamento emergencial, solicitado no mesmo dia em que fez o pedido de reestruturação.

De acordo com uma decisão publicada pelo jornal O Globo, a Justiça considerou que esse financiamento é essencial para “evitar danos imediatos e irreparáveis” à empresa, além de proteger o valor dos ativos e garantir a continuidade das operações.

A aprovação final do pacote total de financiamento, que pode atingir US$ 1,6 bilhão, ainda está sujeita a uma avaliação final por parte da Corte.

Redução de frota da Azul (AZUL4): enxugamento com foco em eficiência

O plano de reestruturação da Azul também prevê uma diminuição de 35% na frota, mas o executivo destacou que isso não implica um corte proporcional no número de aviões em operação.

De acordo com Campos, essa redução leva em conta aeronaves que já estão inativas devido a problemas na cadeia de suprimentos, além de pedidos futuros que precisam ser reavaliados.

Durante a primeira audiência do Chapter 11, a empresa solicitou a devolução de 11 aeronaves, principalmente modelos mais antigos.

“Nosso objetivo não é apenas reestruturar as finanças, mas também otimizar a frota, operando com aeronaves mais eficientes”, completou.

Ea fusão entre a Azul e a Gol?

O anúncio da recuperação judicial da Azul (AZUL4) nos Estados Unidos pegou os investidores de surpresa, especialmente aqueles que esperavam progressos na possível fusão com a Gol (GOLL4).

Atualmente, segundo Campos, o “foco total” da companhia está voltado para o processo de recuperação. “O memorando de entendimento assinado com a Gol ainda está em vigor, mas nossa prioridade é concluir o Chapter 11.”

De acordo com um relatório do BTG Pactual, qualquer negociação entre as duas empresas deve ser retomada apenas após a saída da Azul desse processo de reestruturação. Os analistas acreditam que a fusão pode ser reconsiderada no futuro, mas apenas quando ambas estiverem em uma situação financeira mais robusta.

Desde que anunciaram a intenção de fusão no início do ano, as companhias sempre enfatizaram que o objetivo seria criar uma empresa aérea mais forte e financeiramente saudável.

Uma das condições estabelecidas no começo de 2025 era que a alavancagem resultante da combinação das duas companhias deveria ser inferior à da Gol ao final do Chapter 11.

Enquanto a Gol conseguiu reduzir sua alavancagem de 6,3 vezes para 5,8 vezes no primeiro trimestre, a Azul viu esse índice aumentar de 4,9 vezes para 5,2 vezes no mesmo período.

A meta da Azul é diminuir esse índice para 3 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda até o fim do Chapter 11, alcançando 2,2 vezes em 2026 e 1,7 vez em 2027.

“Essa desalavancagem não ocorre rapidamente; é um processo gradual ao longo da reestruturação”, afirmou Campos.

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