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A conta para JBS (JBSS3) reduzir gap com pares dos EUA após dupla listagem, segundo o BTG Pactual

A JBS (JBSS3) teve seu processo de dupla listagem aprovado na última sexta-feira (23), após uma assembleia com os acionistas.

Após a conclusão das formalidades necessárias, espera-se que as ações deixem de ser negociadas na B3 no dia 6 de junho e comecem a ser negociadas na NYSE em 12 de junho. Os BDRs devem iniciar as negociações em 9 de junho.

A empresa considera a dupla listagem uma estratégia para atrair uma base mais diversificada de investidores e vê isso como um passo essencial para reduzir a diferença de valuation em relação a seus concorrentes norte-americanos, como a Tyson Foods e sua subsidiária Pilgrim’s Pride Corporation (PPC).

Para o BTG Pactual, o foco agora está no que está por vir. “Com a JBS listada nos Estados Unidos, acreditamos que a narrativa de investimento em suas ações mudará, deslocando-se do atual foco em lucros para, talvez pela primeira vez desde o IPO, concentrar-se mais no potencial de reprecificação de seus múltiplos. Atualmente, observamos a JBS sendo negociada a 5,5x EV/Ebitda projetado para 2025”, afirmam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris.

Os analistas ressaltam que, embora fechar a diferença com a Tyson exija mais do que uma simples mudança de localização, no curto prazo parece razoável esperar que a JBS negocie pelo menos em níveis semelhantes aos de sua subsidiária PPC.

“Se a JBS conseguir reduzir a disparidade em relação aos múltiplos da PPC e da Tyson, estimamos que isso resultaria em uma valorização de 33% e 84% nas ações, respectivamente. Cada aumento de 1x no múltiplo EV/Ebitda da empresa representa um potencial de valorização de 40%. No médio e longo prazo, será necessário considerar outros fatores antes de projetar um processo completo de reprecificação da empresa.”

A JBS após dupla listagem

O banco observa que a expectativa é que a JBS procure se incluir em índices de referência, como o Russell 1000 e o S&P 500. Isso ampliaria ainda mais a visibilidade das ações, especialmente entre fundos passivos, embora essa inclusão não ocorra de maneira imediata.

Outro aspecto relevante é a atuação da empresa no setor de alimentos preparados. “A Tyson, por exemplo, era negociada com múltiplos semelhantes aos da JBS até 2014, quando adquiriu a Hillshire Brands, aumentando consideravelmente sua participação em alimentos preparados de maior margem e impulsionando a valorização de seus múltiplos.”

Os analistas acreditam que a JBS deve trilhar um caminho parecido, tanto de forma orgânica quanto através de aquisições — especialmente agora que a possibilidade de emitir ações com supervoto permite à J&F captar recursos para crescimento sem diluir seu controle (a J&F manterá cerca de 88% do poder de voto na JBS N.V.).

O que esperar nos próximos anos?

Do ponto de vista operacional, o BTG não está otimista quanto à possibilidade de que o ciclo de superação de expectativas e revisões positivas dos lucros de 2024 se repita em 2025. Para 2026, eles acreditam que a JBS enfrentará um período de pressões simultâneas em várias divisões.

“Se a tendência se mantiver, as margens do segmento de aves poderão começar a diminuir. Além disso, embora uma recuperação no mercado de carne bovina nos EUA ainda pareça distante, a JBS Brasil também deve começar a perceber os primeiros indícios de um ciclo de baixa na pecuária nacional.”

Apesar disso, o banco ainda vê com bons olhos a tese de investimento na empresa para os próximos meses, uma vez que a companhia continua apresentando um desempenho sólido em termos de lucros.

“Além disso, acreditamos que há espaço para uma reprecificação adicional após a conclusão da listagem nos EUA, o que pode ajudar a reduzir a diferença de valuation em relação à PPC. Mantemos nossa recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 48 e um potencial de valorização de 20,48%.”

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