Os preços do açúcar na Intercontinental Exchange (ICE) chegaram ao seu nível mais baixo em quatro anos no início desta semana. Na terça-feira (17), o contrato com vencimento em julho estava sendo negociado a US$ 0,1607, uma queda de 2,72% por volta das 12h30.
Marcelo Bonifácio, analista da StoneX, destaca que essa faixa de preços, até US$ 0,165, atrai muitos compradores de diferentes países.
“Esses compradores estavam esperando essa queda nos preços, pois havia essa possibilidade. O ano de 2024 foi favorável para as exportações do Brasil, refletindo também em um bom cenário para os importadores. Tivemos um ciclo superavitário em 2023/2024 após um ciclo anterior também superavitário, mas em menor escala. Assim, o mercado está bem abastecido, com uma oferta significativa do Brasil nos últimos dois anos e um alto potencial para 2025.”
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Em 2024, a Europa aumentou sua oferta de açúcar branco no mercado, o que também resultou em um menor interesse das refinarias por açúcar bruto no início de 2025.
“O contrato de julho chegou a registrar uma mínima de US$ 0,1593, um valor inferior ao custo de produção em vários países ao redor do mundo, inclusive em algumas áreas do Brasil. Estamos observando uma queda significativa na rentabilidade em comparação a 2023 e 2024. Se os preços subirem novamente para US$ 0,17 ou permanecerem entre US$ 0,16 e US$ 0,17, o mercado pode operar dentro desses limites.”
Para os próximos meses, especialmente a partir do terceiro trimestre, espera-se um aumento na demanda por importações da China, Indonésia, Marrocos e Argélia, o que deve limitar a queda nos preços.
A fixação dos preços do açúcar e a safra 2025/2026
De acordo com o analista, o Brasil deve atender a esse crescimento da demanda com um aumento na oferta, que dependerá do momento em que as usinas decidirem entrar no mercado e do fluxo das exportações brasileiras.
“Alguns indicadores mostram que as usinas ainda têm volumes a serem comercializados. Os níveis de moagem estão melhorando, alcançando quase 47,8 milhões de toneladas na segunda metade de maio, o que foi uma surpresa positiva, com um mix açucareiro de 51,9%. O receio de que condições climáticas adversas afetariam a cristalização não se concretizou.”
Bonifácio observa que o etanol já está oferecendo preços mais vantajosos do que o açúcar em algumas regiões do Mato Grosso e Goiás.
“Na próxima safra, devemos notar um impacto maior no mix de preços. A ideia de uma queda drástica na produção em 2025/2026 no Centro-Sul parece menos provável. A discussão agora gira em torno do encerramento do ciclo, se será em setembro ou outubro.”
Para a StoneX, é bastante viável que a moagem ultrapasse 600 milhões de toneladas, embora isso dependa da duração da safra, da taxa de colheita e da área plantada. Assim, o mercado tende a se direcionar para uma safra mais voltada para a produção de açúcar, impulsionada tanto pela oferta quanto pelos preços que atraem demanda.