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Ataque dos EUA ao Irã aumenta incerteza econômica

O ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã trouxe novas incertezas para a inflação e o desempenho econômico, em meio a uma semana cheia de dados econômicos e depoimentos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso.

Os impactos negativos mais evidentes incluem a possibilidade de alta nos preços da energia, a continuidade da cautela entre consumidores e empresas, o que pode afetar os gastos, e o risco de uma retaliação iraniana que ultrapasse a região do Golfo.

Com a expectativa já existente de desaceleração da economia dos EUA devido às tarifas alfandegárias impostas pelo governo Trump, um aumento no preço do petróleo “poderia pressionar fortemente o poder de compra das famílias… e isso pode reduzir ainda mais o crescimento do PIB”, afirmou Ellen Zentner, economista-chefe do Morgan Stanley.

Existe também uma perspectiva mais positiva, caso os ataques levem a uma estabilidade duradoura na região.

“Prever eventos geopolíticos no Oriente Médio é complexo”, destacaram analistas da Yardeni Research após os ataques. “Porém, o desempenho do mercado de ações israelense indica que pode estar ocorrendo uma mudança significativa na região, especialmente após o desmantelamento do programa nuclear iraniano.”

O índice principal de ações de Israel, o TA125, alcançou seu maior valor histórico logo após os ataques.

Entretanto, o mercado de trabalho dos EUA mostra sinais claros de enfraquecimento, mesmo com a expectativa de aumento nas pressões inflacionárias.

Os números de pedidos contínuos de auxílio-desemprego divulgados na quinta-feira serão levados em conta no relatório mensal de empregos do Departamento do Trabalho referente a junho.

Até agora, esses dados indicam um mercado de trabalho mais fraco, porém ainda estável, com a taxa de desemprego em 4,2%. No entanto, membros do Fed permanecem atentos a possíveis sinais de enfraquecimento.

Espera-se que os dados que sairão na sexta-feira mostrem o menor crescimento dos gastos dos consumidores nos EUA desde janeiro. Embora a inflação esteja próxima da meta de 2% do Fed no último mês, muitos especialistas acreditam que as tarifas podem levar a preços mais altos em breve.

Um aumento significativo nos custos de energia pode pressionar ainda mais a inflação.

Powell enfrentará questionamentos sobre os impactos dos eventos no Oriente Médio durante dois dias de depoimentos ao Congresso, começando na terça-feira no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e seguindo na quarta-feira no Comitê Bancário do Senado.

Na semana passada, o Fed manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%. Apesar de indicarem a possibilidade de cortes ainda este ano, Powell afirmou que essa previsão é incerta devido às dúvidas sobre a política tarifária e a resposta da economia.

Os recentes conflitos entre EUA e Irã levantam novas incertezas para as decisões do Fed, segundo Sam Bullard, economista do Wells Fargo. Ele destacou que os mercados estarão atentos a como o Fed equilibrará os riscos inflacionários causados pelos preços elevados de energia e tarifas com as pressões desinflacionárias resultantes da desaceleração econômica.

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