As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) se destacam positivamente no Ibovespa (IBOV) e na B3, respectivamente, nesta quinta-feira (22).
No caso da Azul, a empresa interrompe uma sequência de quedas que vinha enfrentando nos últimos dias, em resposta ao temor de um possível pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11).
Por outro lado, as ações da Gol parecem ter ganhado impulso com a expectativa de que a companhia saia em breve do Chapter 11. A empresa anunciou na terça-feira (20) que seu plano de reestruturação foi aprovado pela Justiça americana.
O que está acontecendo com Azul
A possibilidade de um pedido de recuperação judicial (Chapter 11) está gerando preocupação em relação à Azul.
Até ontem (21), a empresa acumulava uma desvalorização de quase 15% nos últimos cinco dias, enquanto no último mês a queda ultrapassava 65%.
As ações sofreram uma forte baixa após a agência de classificação de risco S&P rebaixar o rating da companhia de CCC+ para CCC-. De acordo com a S&P, a aérea brasileira apresenta “risco elevado de inadimplência”. A perspectiva é negativa, e a Azul está apenas dois níveis acima do D, que indica default (calote).
Conforme informações do Valor Econômico divulgadas nesta quinta-feira (22), a Azul está em negociações para garantir cerca de US$ 600 milhões em financiamento com credores, visando apoiar um possível pedido de Chapter 11.
Segundo a Bloomberg, que ouviu fontes próximas à situação, o anúncio da operação pode ocorrer já na próxima semana.
Segundo André Ferreira, do Bradesco BBI, e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos, as chances de a Azul solicitar um pedido de Chapter 11 estão crescendo.
“Embora o governo federal tenha mencionado que o fundo de R$ 6 bilhões, que poderia servir como garantia para empréstimos às companhias aéreas, estaria disponível no primeiro semestre de 2025, parece que esses planos têm sido constantemente adiados”, observam.
Considerando a posição de caixa da Azul, que foi de R$ 655 milhões no primeiro trimestre de 2025 — uma queda anual de 49% e uma redução de 51% em relação ao trimestre anterior — esse adiamento pode forçar a empresa a solicitar a recuperação judicial ou buscar mais recursos para sua reestruturação financeira.
Apesar dessas preocupações, hoje as ações da empresa estão em alta. Por volta das 12h40 (horário de Brasília), AZUL4 subia 9,80%, cotada a R$ 1,12.
E a gol?
A Gol apresenta um desempenho positivo ao seguir um caminho diferente: a conclusão do Chapter 11 está se aproximando.
Após a saída do processo, a companhia projeta ter uma sólida posição de liquidez de cerca de US$ 900 milhões e uma alavancagem significativamente reduzida, que passará de 5,4 vezes para uma alavancagem líquida estimada de 2,9 vezes até o final de 2027.
Analistas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos acreditam que, com a aprovação do plano da empresa pelo tribunal de falências dos Estados Unidos, a Gol deve conseguir encerrar o Chapter 11 até junho e implementar seu plano de reestruturação de cinco anos.
“Contudo, mantemos nossa recomendação de venda para as ações, devido à grande diluição de capital que se espera com a conversão de até US$ 2,7 bilhões em dívida em ações”, afirmam os analistas André Ferreira e Wellington Lourenço. O preço-alvo estabelecido é de R$ 0,50.
A Gol entrou com o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em janeiro de 2024, buscando espaço para reestruturar suas dívidas e consolidar uma estratégia de recuperação. A expectativa é que, um ano e meio após o início do processo, a companhia consiga finalizá-lo.
Por volta das 12h50, as ações da Gol (GOLL4) subiam 18,84%, cotadas a R$ 1,64. Nos últimos cinco dias, a empresa acumulou uma alta superior a 55%, enquanto no ano a valorização chega perto de 19%.