O mercado parece não ter reagido de forma significativa ao pedido de recuperação judicial (Chapter 11) da Azul (AZUL4). Embora as ações da companhia tenham iniciado o pregão em baixa, por volta das 12h05 (horário de Brasília), elas apresentavam uma alta de 0,94%, cotadas a R$ 1,08.
No ponto mais baixo do dia, AZUL4 chegou a cair 12,15%, atingindo o valor de R$ 0,94. É importante destacar que, devido a esse pedido de recuperação, as ações da empresa devem ser retiradas do Ibovespa (IBOV), conforme as normas da B3.
A Azul já estabeleceu os chamados acordos de apoio à reestruturação com seus principais parceiros financeiros, incluindo a AerCap, seu maior arrendador de aeronaves, além das companhias aéreas United e American Airlines.
Esses acordos envolvem um compromisso de cerca de US$ 1,6 bilhão em financiamento durante o processo, bem como a eliminação de US$ 2 bilhões em dívidas. Além disso, há a previsão de até US$ 950 milhões em financiamento adicional garantido por meio de equity ao final do processo.
A companhia destaca que esse financiamento ajudará a quitar parte da dívida existente e proporcionará aproximadamente US$ 670 milhões em capital novo para fortalecer sua liquidez durante e após a reestruturação.
Ricardo França, da Ágora Investimentos, acredita que essa ação pode resolver os problemas de liquidez da Azul. No entanto, a redução de US$ 2 bilhões em dívidas provavelmente resultará em uma diluição maior do patrimônio líquido, o que pode manter as ações sob pressão e atrair atenção entre os investidores que adotam posições vendidas.
“Assim como ocorreu com GOLL4, a AZUL4 deverá ser removida do Ibovespa de forma imediata, em conformidade com os critérios de elegibilidade da B3. Isso pode resultar em um aumento no fluxo de desmonte de posições passivas”, observa o analista.
Azul defende que seu processo de Chapter 11 é diferente
A Azul argumenta que sua situação é “diferente de qualquer outra reestruturação de companhias aéreas na região”, referindo-se aos processos em andamento na América Latina.
O diferencial, segundo a empresa, é que ela já entrou no processo com acordos previamente estabelecidos com vários de seus parceiros. Em um comunicado divulgado ao mercado nesta quarta-feira (28), a companhia anunciou o início de uma reestruturação pré-acordada para facilitar acordos que envolvem cerca de US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP (debtor-in-possession).
O financiamento DIP é uma forma de crédito destinada a empresas em recuperação judicial, com o objetivo de fornecer os recursos necessários para que possam operar e alcançar suas metas. No caso da Azul, a intenção é reduzir a dívida e melhorar sua estrutura financeira.
Por fim, a companhia afirma que já está preparada para enfrentar esse processo e possui um plano claro para finalizá-lo.
Fontes próximas ao tema indicam que, devido à estruturação já realizada, não se espera que o processo se prolongue, podendo ser concluído em até um ano.