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Azul (AZUL4) prevê menos aviões e desalavancagem para superar recuperação judicial nos EUA; ação tomba

A companhia aérea elaborou um novo plano de negócios com o objetivo de reerguer a empresa. No pré-mercado da Bolsa de Nova York, as Receitas de Depósito Americanas (ADRs) chegaram a apresentar uma queda de 40%.

Nesta quarta-feira (28), a Azul (AZUL4) se tornou a terceira companhia aérea brasileira a solicitar recuperação judicial nos Estados Unidos, devido ao seu alto nível de endividamento. A empresa formalizou o pedido de proteção aos credores pelo processo conhecido como Chapter 11.

A reestruturação financeira da Azul inclui um acordo com seus principais credores e parceiros estratégicos, além de um financiamento DIP de US$ 1,6 bilhão, a eliminação de US$ 2 bilhões em dívidas e a possibilidade de receber até US$ 950 milhões em novos investimentos ao final do processo.

Além dessas medidas, a Azul também desenvolveu um novo plano de negócios visando reerguer a empresa e assegurar sua sustentabilidade no mercado.

A estratégia da empresa foca na otimização da frota, buscando um “crescimento moderado da ASK (oferta de assentos-quilômetro)”, com o intuito de aumentar a resiliência e reduzir riscos, incluindo a exposição à variação cambial e a alavancagem financeira.

As ações AZUL4 iniciaram o leilão na abertura do pregão desta quarta-feira (28) na B3. Por volta das 10h50, os papéis apresentavam uma queda de 2,80%, sendo negociados a R$ 1,04.

As American Depositary Receipts (ADRs) da companhia também mostraram uma forte desvalorização no pré-mercado da Bolsa de Nova York. Por volta das 8h, as ADRs da Azul chegaram a cair 40,18%, sendo cotadas a US$ 0,29.

Azul (AZUL4): menos aviões no céu

Um dos principais focos do novo plano de negócios da Azul (AZUL4) é a redução do número de aviões em operação nos próximos anos.

De acordo com uma apresentação feita a investidores, a companhia pretende diminuir em mais de 35% a frota futura de aeronaves. Anteriormente, a estimativa era de chegar a 201 aviões este ano e 218 até o final de 2027. Com o novo plano, agora se projeta ter 170 jatos em 2025 e 172 até o término de 2027.

Essa estratégia permitirá uma redução nos investimentos em manutenção (capex), o que contribuirá para o processo de desalavancagem financeira da empresa.

Nas previsões da Azul, o processo de recuperação judicial sob o Chapter 11 deve fazer com que a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses, diminua de 5,1 vezes para 3 vezes. Para os anos seguintes, a companhia estima que esse indicador reduzirá para 2,2 vezes em 2026 e para 1,7 vez em 2027.

O que a aérea prevê com a recuperação judicial nos EUA

A Azul (AZUL4) também antecipa uma diminuição nas despesas com juros (cash interest expense). Com base no plano revisado, a previsão para 2025 é de US$ 113 milhões, um valor consideravelmente menor em comparação aos US$ 216 milhões estimados anteriormente.

Para o próximo ano, a expectativa é que essa despesa caia de US$ 255 milhões para apenas US$ 85 milhões. Para 2027, a projeção também foi ajustada, passando de US$ 253 milhões para US$ 105 milhões.

Veja a seguir as principais métricas da Azul (AZUL4) em relação ao plano anterior, incluindo a taxa de crescimento anual composta (CAGR) estimada para o período de 2025 a 2029:

MétricaProjeçãoPlano Revisado
Receita (CAGR)11,9% 7,6%
EBITDAR (CAGR)14,3% 10,5%
ASK (CAGR)11,1% 3,8%
RASK (CAGR)0,7% 3,7%
CASK (CAGR)0,1% 2,6%

De acordo com João Daronco, analista da Suno Research, o pedido de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos “é um indicativo claro de que a empresa enfrenta um momento extremamente difícil e que, sem ajuda externa, não conseguiria cumprir com suas obrigações financeiras”.

“Num horizonte mais curto, podemos observar alguma melhora nos resultados da companhia, seja por uma gestão mais eficiente dos passivos ou por adiamentos de pagamentos. No entanto, a longo prazo, minha visão é bastante cética em relação à empresa. Isso se deve ao fato de operar em um setor complexo, com poucos diferenciais competitivos, além de lidar com custos em dólar enquanto suas receitas estão vinculadas ao real. A empresa também exige um elevado investimento de capital”, destacou.

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