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Banco central da Suíça alerta para incertezas econômicas e apoia propostas de reforço regulatório no setor bancário

No Relatório de Estabilidade Financeira de 2025, apresentado nesta quinta-feira, o Banco Nacional Suíço (SNB) destacou que as previsões econômicas continuam muito incertas, em função das tensões geopolíticas e comerciais. O banco também ressaltou a necessidade de corrigir as fragilidades regulatórias no setor bancário da Suíça para aumentar a resiliência do UBS.

“O impacto de potenciais choques negativos nas condições econômicas e financeiras globais pode ser amplificado por diversos fatores de risco”, declarou o SNB.

No relatório do banco central suíço, são mencionados riscos como o elevado endividamento público global, a valorização excessiva do mercado imobiliário residencial internacional, dos títulos corporativos e da bolsa de valores dos Estados Unidos.

Em 2024, a rentabilidade do setor bancário na Suíça apresentou melhora em relação ao ano anterior, principalmente devido ao desempenho positivo do UBS.

O crédito no país continuou a crescer, impulsionado pela redução das taxas de juros, mesmo após os ajustes decorrentes da compra do Credit Suisse pelo UBS em 2023 — que agora é o único grande banco em operação na Suíça — e com a implementação das regras finais de Basileia III em 2025. O SNB advertiu que os juros baixos podem levar a um aumento na assunção de riscos nos setores de hipotecas e imóveis, criando vulnerabilidades.

As taxas de capital se mantiveram estáveis, demonstrando uma boa capacidade para absorver perdas e conceder crédito, enquanto os bancos mantiveram reservas de liquidez robustas, o que contribui para sua resiliência.

Entretanto, o SNB destacou que ainda há fragilidades regulatórias que precisam ser abordadas para fortalecer o sistema financeiro e expressou apoio às propostas do governo suíço apresentadas recentemente com o intuito de prevenir crises futuras.

Bancos focados no mercado interno enfrentaram uma diminuição nos lucros, resultante da redução nas margens de juros e do aumento dos custos operacionais, mas ainda possuem taxas de capital significativamente superiores aos requisitos mínimos.

Entre os bancos considerados sistemicamente relevantes (SIBs), a PostFinance, o Raiffeisen Group e o Zürcher Kantonalbank (ZKB) apresentaram queda em suas rentabilidades, principalmente devido à diminuição na receita líquida de juros. A PostFinance também reportou um aumento nas perdas relacionadas a créditos. Por outro lado, Raiffeisen e ZKB mantêm seus níveis de capital bem acima dos mínimos exigidos. A alavancagem da PostFinance, entretanto, está apenas ligeiramente acima do que é requerido.

Crise 2022/23 deixa marcas

As vulnerabilidades de liquidez estão sendo abordadas, especialmente após as crises de 2022-2023, que mostraram a rapidez dos saques. Isso levou a propostas para a criação de buffers de liquidez mais sólidos, planos de contingência melhorados, exigências de colateral e um mecanismo público de suporte à liquidez (PLB) na Suíça.

O relatório também ressalta o papel crescente dos intermediários financeiros não bancários (NBFIs), como fundos de investimento, fundos de pensão e seguradoras, que agora representam 110% do PIB da Suíça, crescendo mais rapidamente que os bancos.

Embora a maioria dos NBFIs suíços não represente um risco sistêmico significativo, cerca de 20% deles apresentam vulnerabilidades semelhantes às dos bancos. O UBS é responsável por 67% dos créditos e 60% das obrigações relacionadas aos NBFIs. O SNB solicita uma maior coleta de dados para avaliar os riscos associados a esses agentes e sua ligação com o sistema bancário.

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