Após apresentar um balanço financeiro mais robusto do que o previsto, o Bradesco ganhou impulso e ultrapassou a avaliação do Banco do Brasil na bolsa de valores brasileira.
Pela primeira vez em meses, o Bradesco (BBDC4) deixou o Banco do Brasil (BBAS3) para trás na corrida entre os grandes bancos por valor de mercado, impulsionado pelas surpresas nos resultados do primeiro trimestre de 2025.
Após apresentar um balanço financeiro mais forte do que o esperado, o Bradesco ganhou impulso na bolsa brasileira, ampliando os ganhos acumulados desde o início do ano.
Não é surpresa que, na última sexta-feira (23), o banco liderado por Marcelo Noronha encerrou o pregão com uma avaliação em torno de R$ 154,7 bilhões.
Enquanto isso, o Banco do Brasil enfrentou uma trajetória oposta. Com resultados abaixo do esperado e a suspensão de algumas diretrizes, o BB experimentou uma série de quedas na bolsa brasileira.
Após essa desvalorização, o banco estatal terminou a última sessão com um valor de mercado estimado em R$ 139,9 bilhões.
De acordo com uma análise realizada pelo Broadcast, essa é a primeira vez em sete meses que o valor de mercado do BB é inferior ao do Bradesco.
De olho na rentabilidade
Vale ressaltar, no entanto, que a mudança no valor de mercado dos bancos não reflete a rentabilidade até o momento.
Apesar da queda registrada no primeiro trimestre, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Banco do Brasil, que alcançou 16,7%, permaneceu acima do custo de capital. Em contrapartida, o ROE do Bradesco, que subiu para 14,4%, continuou abaixo desse patamar.
As surpresas com os balanços do Bradesco e do Banco do Brasil
Focando nos resultados do primeiro trimestre, o Bradesco (BBDC4) apresentou uma performance surpreendente, superando as expectativas, especialmente em termos de lucratividade e rentabilidade.
O 1T25 foi considerado um dos melhores períodos para o banco desde o início de sua reestruturação. Até os analistas foram pegos de surpresa pela força do balanço, que mostrou uma aceleração na recuperação e uma melhoria na lucratividade através da margem líquida com clientes.
“O lucro líquido superou a estimativa em 8%, resultando em uma rentabilidade de 14,4% (um ponto percentual acima do esperado), o que demonstra que o plano de reestruturação, implementado há um ano, está gerando um impacto positivo e estrutural nas operações”, afirmaram os analistas.
Por outro lado, o Banco do Brasil (BBAS3) decepcionou as expectativas. O banco enfrentou um novo desafio com a inadimplência no agronegócio — um setor onde possui uma exposição significativamente maior em comparação aos concorrentes —, o que prejudicou os resultados do trimestre e surpreendeu o mercado.
Além disso, a implementação da resolução 4.966 pelo Banco Central neste ano também teve um impacto muito mais significativo sobre o banco do que sobre seus pares.
“Já esperávamos algum efeito negativo nas receitas de crédito. No entanto, a magnitude desse impacto foi maior do que previmos”, destacou o BTG Pactual.
O JP Morgan também acionou o sinal de alerta. Para os analistas, a preocupação é que essas tendências fracas, especialmente no agronegócio, possam se prolongar nos próximos meses.
Qual a visão do mercado sobre as ações BBDC4 e BAS3?
Após a divulgação dos resultados, o Bank of America (BofA) manifestou otimismo e elevou sua recomendação para as ações do Bradesco (BBDC4) para “compra”. O BB Investimentos também seguiu o exemplo e aumentou sua recomendação para o mesmo nível.
Em contrapartida, após o balanço do Banco do Brasil (BB), o BTG Pactual rebaixou sua recomendação para as ações BBAS3 de “compra” para “neutra” e diminuiu suas expectativas em relação aos preços das ações do Banco do Brasil na bolsa.
O Citi, que já tinha uma recomendação neutra, reduziu seu preço-alvo de R$ 30 para R$ 27.
“A maior preocupação pode estar na incerteza em torno de variáveis importantes, especialmente após a decisão da direção do banco de colocar o guidance sob revisão em relação à margem financeira, custo de risco e lucro líquido”, comentou a equipe do Citi.
Além disso, os múltiplos das ações dos dois grandes bancos refletem essa mudança na percepção do mercado.
As ações do Bradesco ultrapassaram a marca de 1 vez o valor patrimonial, após terem perdido esse patamar em 2024. Por outro lado, os múltiplos do Banco do Brasil, que estavam próximos a essa marca, sofreram queda nos últimos dias.
Esse indicador revela como os investidores avaliam a capacidade dos balanços dos bancos em gerar resultados futuros.