A taxa de desemprego no Brasil ficou abaixo das previsões nos três meses até maio, com o emprego formal atingindo um recorde no período, indicando um mercado de trabalho robusto que sustenta a atividade econômica.
Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (27), a taxa caiu para 6,2% no trimestre até maio, contra 6,8% no trimestre anterior, encerrado em fevereiro. No mesmo período do ano passado, o índice estava em 7,1%.
O resultado ficou abaixo da estimativa de 6,4% apontada em pesquisa da Reuters e representa o menor nível desde o último trimestre de 2024, quando também foi registrado 6,2%, além de ser a menor taxa para um trimestre encerrado em maio na série histórica.
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“O mercado está aquecido e resiliente, o que é evidente por diversos indicadores. A fase de demissões sazonais já passou e agora começa o período de contratações para atender a demanda da economia”, afirmou William Kratochwill, analista do IBGE.
Apesar da expectativa de uma desaceleração gradual no emprego no Brasil, o mercado de trabalho continua forte e deve permanecer assim, sustentando a atividade econômica, especialmente o consumo das famílias.
Os dados do PIB do primeiro trimestre indicam que as despesas das famílias impulsionaram a economia com alta de 1,0%, revertendo a queda observada no final de 2024.
“Idealmente, esperamos uma desaceleração gradual do setor devido à sua natureza cíclica e às surpresas recentes, mas ele deve se manter em níveis historicamente baixos por algum tempo”, destacou Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O mercado de trabalho apresenta uma taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e aumento da renda, o que pressiona a inflação, especialmente no setor de serviços.
Para conter a alta dos preços, o Banco Central elevou a taxa básica de juros para 15% na semana passada, sinalizando que ela deve permanecer estável por um “período bastante prolongado”.
Entre março e maio, o número de desempregados caiu 8,6% em relação ao trimestre anterior, totalizando 6,828 milhões de pessoas. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 12,3%.
O total de trabalhadores ocupados cresceu 1,2% no trimestre e 2,5% na comparação anual, chegando a 103,869 milhões.
Segundo Kratochwill, o aumento no número de ocupados (1,2 milhão) e a redução das taxas de subutilização foram os principais fatores para a queda no desemprego.
O IBGE informou que a taxa composta de subutilização — que inclui desocupados, subocupados por insuficiência de horas e força de trabalho potencial — caiu para 14,9% nos três meses até maio, ante 15,7% no trimestre anterior.
Kratochwill destacou que o mercado aquecido reduz a oferta de mão-de-obra qualificada e aumenta as vagas formais.
No setor privado, o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 39,762 milhões no trimestre até maio, crescendo 0,5% em relação ao trimestre anterior e 3,7% na base anual.
Os trabalhadores sem carteira aumentaram 1,2% frente ao trimestre anterior e 0,2% em relação ao ano passado, totalizando 13,7 milhões.
A renda média real mensal subiu para R$3.457 nos três meses até maio, frente R$3.442 do período dezembro-fevereiro, um avanço de 0,4%.