O volume total de mercadorias na Argentina mais do que dobrou em comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Missão cumprida: os investidores que aguardavam mais um trimestre sólido do Mercado Livre (MELI34) não apenas foram atendidos, mas surpreendidos. A gigante do e-commerce reportou um lucro líquido de US$ 494 milhões entre janeiro e março, representando um crescimento de 43,6% em comparação com o mesmo período de 2024, superando as expectativas compiladas pela Bloomberg.
Por volta das 11h40, as ações do Mercado Livre (MELI), listadas em Nova York, apresentavam uma alta de 5,36%. Durante a manhã, essa valorização chegou a atingir 8%.
Segundo o BTG Pactual, um dos principais destaques do balanço — que você pode conferir em detalhes nesta reportagem — foi a significativa expansão do volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês), que mede a receita gerada pelos canais digitais.
Esse indicador cresceu 17% nos primeiros três meses deste ano, alcançando US$ 13,3 bilhões. No Brasil, as vendas do marketplace aumentaram 30% no último trimestre, totalizando US$ 5,3 bilhões.
Entretanto, o grande destaque foi a Argentina, onde o GMV (ajustado pela base cambial) mais que dobrou, com um crescimento impressionante de 126% em relação ao mesmo período de 2024.
Obrigada, Milei?
A recuperação da margem de contribuição direta na Argentina contribuiu para equilibrar os investimentos e as pressões de custo enfrentadas no Brasil e no México, onde essa margem apresentou uma leve queda em relação ao ano anterior. Essa diminuição foi influenciada, em parte, pela desvalorização da moeda e pelo aumento das taxas de juros no Brasil.
O Mercado Livre também ressaltou que o desempenho na Argentina ajudou a compensar o aumento dos investimentos no Brasil e no México. Vale lembrar que, conforme anunciado pela empresa em abril, o investimento planejado para o Brasil neste ano é de R$ 34 bilhões.
Uma parte desse montante será destinada ao aprimoramento da infraestrutura logística no país, algo que o BTG considera fundamental.
“Em nossa perspectiva, isso continua sendo um fator essencial para impulsionar a monetização, com o MercadoEnvios alcançando mais de 60% de penetração no modelo de fulfillment no Brasil. As entregas realizadas no mesmo dia ou no dia seguinte representaram 50% do total de entregas (em comparação a 49% no 4T24)”, destacaram os analistas em seu relatório.
Além disso, eles enfatizaram que os investimentos na área de crédito mantiveram um crescimento robusto, com a carteira aumentando 75% em relação ao ano anterior.
Entretanto, provisões mais altas e a maior participação dos cartões de crédito na carteira continuaram a impactar negativamente a margem líquida de intermediação ajustada (Nimal), um indicador que avalia a rentabilidade da divisão de crédito do Mercado Pago durante o período.
Ainda vale a pena comprar ações do Mercado Livre?
Na perspectiva do BTG, apesar de os resultados do Mercado Livre terem superado as expectativas, eles refletem a maturação dos investimentos da empresa para fortalecer seu ecossistema. Isso inclui um aumento na penetração de crédito (uma ferramenta eficaz de fidelização) e uma infraestrutura logística que apoia o crescimento acelerado do e-commerce.
“Embora as ações estejam sendo negociadas a 45 vezes o lucro projetado para 2025 e 34 vezes para 2026, a MELI ainda apresenta uma rentabilidade saudável, oportunidades de expansão no setor de crédito (especialmente através de cartões) e um cenário competitivo menos agressivo no e-commerce da América Latina. Esses fatores devem ser monitorados nos próximos anos, mas parecem promissores”, ressalta o banco em seu relatório.
Com um ecossistema cada vez mais forte, a empresa se mantém à frente da concorrência. A previsão é de um crescimento médio anual de 29% no lucro por ação (EPS) em dólares nos próximos três anos, impulsionado por melhorias nas taxas de monetização (take rates) e uma rentabilidade sólida — sustentada pela ampliação da oferta de serviços na plataforma.
Por essa razão, o banco reafirma a ação como uma das principais recomendações no setor.