Após registrar um prejuízo de R$ 2,59 bilhões em 2024, os Correios estão adotando medidas de contenção e implementando um pacote de ajustes para equilibrar suas finanças.
A trajetória dos Correios continua. Depois de mais de dez anos alternando entre prejuízos e tentativas de modernização, a estatal enfrenta em 2025 um novo desafio: reduzir até R$ 1,5 bilhão em despesas ao longo do ano, após um prejuízo de R$ 2,59 bilhões em 2024.
As mudanças propostas são numerosas e difíceis de serem ignoradas por muitos funcionários. A empresa anunciou a extensão do Programa de Demissão Voluntária (PDV), a diminuição da jornada de trabalho com cortes proporcionais nos salários, a suspensão das férias em 2025, incentivos para a transferência de colaboradores, a obrigatoriedade do retorno ao trabalho presencial e uma revisão nos planos de saúde, oferecendo opções mais econômicas.
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Em comunicado divulgado na segunda-feira (12), os Correios explicaram o prejuízo: “O desempenho reflete, principalmente, a diminuição nas receitas provenientes de encomendas internacionais – afetadas por mudanças no mercado – e o aumento das despesas, especialmente em relação a precatórios e contingências judiciais”.
“A fim de assegurar a continuidade dos nossos serviços e a sustentabilidade financeira da empresa, estimamos uma economia de até R$ 1,5 bilhão já em 2025”, afirma a empresa na nota.
As principais medidas incluem
- Prorrogação do PDV até 18 de maio de 2025, mantendo os critérios atuais de elegibilidade;
- Redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias e 34 horas semanais, com corte proporcional na remuneração para quem atua em unidades administrativas;
- Incentivo à transferência voluntária de carteiros e atendentes comerciais para centros de tratamento, com pagamento do adicional de atividade mais vantajoso;
- Suspensão temporária das férias adquiridas em 2025, com retorno dos períodos a partir de janeiro de 2026;
- Redução de 20% no orçamento da sede dos Correios;
- Retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, salvo exceções por decisão judicial;
- Novos formatos de planos de saúde, com redes credenciadas a serem negociadas com sindicatos. A economia estimada é de 30%.
Um ano difícil para os Correios
O relatório da administração, divulgado na última sexta-feira (9), apresenta um dado alarmante: apenas 15% das agências estão gerando lucro. As demais operam com prejuízo, sendo sustentadas por recursos provenientes de atividades competitivas da estatal.
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A redução nas receitas foi percebida em várias áreas, com ênfase na queda de 12% nos serviços internacionais, afetados por alterações nas normas de importação.
Enquanto isso, as despesas totais aumentaram 7,91%, passando de R$ 22,3 bilhões para R$ 24,06 bilhões, impulsionadas por precatórios e contingências judiciais — que ainda estão subestimadas devido à falta de um sistema integrado entre as áreas jurídica, contábil e financeira.
Apesar desse cenário desafiador, os investimentos da empresa cresceram. Em 2024, os Correios alocaram R$ 830 milhões em áreas consideradas estratégicas, como tecnologia da informação, renovação da frota e projetos de sustentabilidade. Mesmo operando com prejuízo, a estatal conseguiu manter o número de agências e veículos inalterados.