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Dólar cai a R$ 5,48 com fiscal brasileiro e dos EUA no radar

O dólar terminou a semana em baixa dupla, influenciado por dados econômicos tanto no Brasil quanto no exterior, além do progresso nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros, incluindo a China.

No Sábdo (28), o dólar à vista (USDBRL) fechou a sessão cotado a R$ 5,4829, recuando 0,29%.

Essa movimentação divergiu da tendência observada internacionalmente. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, que mede o valor do dólar em relação a seis moedas globais importantes como o euro e a libra, apresentava alta de 0,19%, alcançando 97,333 pontos.

Na semana, o dólar acumulou queda de 0,76% ante o real.

O que mexeu com o dólar hoje?

O dólar continuou caindo em relação ao real pelo segundo dia seguido, em meio a uma sessão instável, com investidores reagindo a dados do mercado de trabalho e preocupações fiscais.

Na sexta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso Nacional que anulou o decreto presidencial que aumentava as alíquotas do IOF. A revogação ocorreu na quarta-feira (25).

Em entrevista à GloboNews, Haddad afirmou que o governo aguarda apenas a aprovação da Advocacia-Geral da União (AGU) e classificou a decisão do Congresso como “usurpação constitucional”.

Haddad já havia afirmado, em entrevista à Folha de S.Paulo divulgada no dia 26, que juristas do governo consideram inconstitucional a revogação do decreto pelo Congresso.

Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, essa instabilidade política em Brasília tende a deixar os investidores cautelosos.

O mercado também acompanhou declarações de integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom). Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que a instituição prevê manter a taxa de juros em patamar elevado por um período prolongado devido à desancoragem das expectativas inflacionárias.

Durante evento do Barclays em São Paulo, Guillen destacou que o debate sobre cortes nos juros está “muito distante” e não está sendo considerado pelo Copom.

Na reunião da semana passada, o Copom elevou a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, e indicou o possível fim do ciclo de aperto monetário. Entretanto, os diretores ressaltaram que ajustes futuros podem ocorrer se necessário.

Os dados do mercado de trabalho tiveram menor impacto. A taxa de desemprego caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio, menor nível desde o final do ano passado, contra 7,1% no mesmo período anterior.

Apesar disso, o resultado ficou abaixo da expectativa dos analistas consultados pela Reuters, que estimavam 6,4%. O número de empregos com carteira assinada atingiu recorde no período.

Dólar sobe no exterior

No cenário internacional, o dólar recuperou-se após uma sequência de quedas, impulsionado pelo avanço nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros. Na quinta-feira (26), o secretário de Comércio, Howard Lutnick, declarou à Bloomberg News que um acordo comercial entre EUA e China foi concluído, e que o governo Trump pretende fechar acordos com 10 grandes parceiros em breve. O presidente Donald Trump também anunciou um acordo com a China, sem revelar detalhes.

Na sexta-feira (27), o Ministério do Comércio da China confirmou que os dois países acertaram uma estrutura comercial para exportação de terras raras aos EUA e a flexibilização de restrições tecnológicas. Trump afirmou que o prazo final para as negociações, previsto para 9 de julho, é flexível, podendo ser estendido ou reduzido conforme necessário. No entanto, no fim do dia, anunciou o encerramento das negociações com o Canadá devido a tarifas sobre produtos lácteos e imposto sobre serviços digitais aplicados às empresas americanas.

Os mercados também reagiram aos dados econômicos dos EUA, embora as negociações tarifárias tenham dominado a atenção. O Índice de Preços ao Consumidor (PCE) subiu 0,1% em maio na comparação anualizada, acumulando alta de 2,3% nos últimos 12 meses — acima das expectativas e da meta do Federal Reserve (Fed). Isso reforçou a expectativa de cortes nas taxas de juros ainda este ano, já que a inflação permanece controlada apesar das tarifas vigentes.

Por fim, a situação fiscal dos EUA voltou ao foco dos investidores após notícia do Politico informando que os republicanos no Senado planejam uma votação inicial neste fim de semana para aprovar o pacote orçamentário proposto por Trump, chamado “Beautiful Bill”. A proposta já aprovada na Câmara deve elevar o déficit dos EUA para 7,8% do PIB na próxima década.

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