O dólar à vista (USDBRL) apresenta uma tendência de alta e está se aproximando de recuperar as perdas acumuladas na semana, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio.
Durante o dia, a moeda norte-americana atingiu um pico de R$ 5,5938. Por volta das 13h (horário de Brasília), o dólar registrava uma leve alta de 0,05%, cotado a R$ 5,5454.
- Veja também: Mercado reduz projeções para dívida, mas piora resultado primário em 2025 e 2026, mostra Prisma
A valorização do dólar não se restringe apenas ao real. Nesse mesmo período, o DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas internacionais, incluindo o euro e a libra, registrava um aumento de 0,18%, alcançando 98.098 pontos.
Durante a negociação, o índice chegou a apresentar uma alta de 0,68%, quebrando uma sequência de quedas anteriores. No dia anterior (12), o DXY havia fechado na sua menor marca em três anos.
Os motivos para a alta do dólar
O dólar, assim como ativos como ouro e títulos do Tesouro dos Estados Unidos, está respondendo aos ataques aéreos de Israel contra o Irã na madrugada desta sexta-feira (13), que corresponde à noite de quinta-feira (12) no Brasil. A moeda americana é vista como um “porto seguro” em períodos de instabilidade.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país iniciou uma “operação militar específica” visando o programa nuclear e os mísseis balísticos iranianos. Em resposta, o Irã alegou ter lançado aproximadamente 100 drones contra Israel.
Netanyahu afirmou: “Esta operação continuará pelo tempo necessário para eliminar essa ameaça.” Ele ressaltou que a potencial aquisição de armas nucleares pelo Irã seria uma ameaça existencial para Israel, afirmando: “Se o Irã desenvolver armas nucleares, não teremos mais futuro aqui.”
Segundo a análise dos especialistas em câmbio do ING, os recentes acontecimentos funcionam como um “catalisador” para a valorização do dólar, que estava em níveis mínimos dos últimos três anos. Eles afirmam que “os riscos agora indicam uma fase prolongada de tensão, diferente de situações anteriores. Acreditamos que isso pode ajudar a aliviar um pouco a pressão sobre o dólar”.
Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, ressalta que o aumento da percepção de risco sistêmico está provocando uma saída de capitais de mercados emergentes, incluindo o Brasil.
“O principal efeito desse conflito entre Israel e Irã é o crescimento da aversão ao risco em escala global. O desentendimento aumenta a instabilidade no Oriente Médio, uma área crucial para a produção e transporte de petróleo e gás — especialmente com o estreitamento do Estreito de Ormuz, responsável por cerca de 20% do petróleo mundial”, explicou Patzlaff.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, também observou que a reação inicial do mercado foi marcada por um “pico de pânico”, com alta nos preços do dólar e do petróleo, refletindo o receio de uma interrupção imediata na oferta de energia e suas consequências inflacionárias.
“Os desdobramentos futuros dos mercados dependerão da natureza da resposta iraniana e da capacidade de controle do conflito, além do possível envolvimento mais ativo dos EUA. No geral, essa situação traz mais volatilidade em um cenário já incerto, afetado por tensões comerciais e preocupações sobre uma desaceleração econômica.”
Dólar volátil ante o real
Apesar do aumento da aversão ao risco no cenário global, o dólar tem mostrado volatilidade em relação ao real. No Brasil, a incerteza fiscal continua a ser um fator importante.
Na quarta-feira (12), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que o colégio de líderes decidiu priorizar a votação de um projeto de decreto legislativo que visa suspender os efeitos do decreto governamental que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Além disso, associações de setores financeiros e produtivos apresentaram um conjunto de propostas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, buscando reequilibrar as contas públicas diante do aumento do IOF e da criação de novos benefícios sociais.
O chamado “plano alternativo” inclui medidas de redução de gastos e elevação da arrecadação tributária, com um impacto estimado total de R$ 21,9 bilhões para 2025 e R$ 82,8 bilhões para 2026.
Este documento foi assinado por diversas entidades, incluindo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC), a Confederação Nacional do Transporte (CNT), a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) e a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).