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Dólar firma alta na casa dos R$ 5,50 com IOF, leilões do BC e tensão no Oriente Médio

O dólar à vista (USDBRL) demonstra recuperação no mercado internacional, ampliando sua valorização frente ao real. Essa ascensão é influenciada por uma conjunção de elementos, incluindo o acompanhamento das tensões no Oriente Médio, pronunciamentos do presidente dos Estados Unidos e do presidente do Federal Reserve (Fed), além de desenvolvimentos políticos em Brasília.

Por volta das 12h10 (horário de Brasília), o DXY, índice que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis moedas globais, como o euro e a libra, registrava uma alta de 0,12%, atingindo 97.975 pontos.

Na mesma ocasião, em comparação com o real, a moeda americana era negociada a R$ 5,5553, apresentando uma elevação de 0,66%. No pico do dia, o dólar alcançou a cotação de R$ 5,5563.

Os motivos para a alta do dólar

Apesar da notícia de um cessar-fogo entre Israel e Irã, os investidores mantêm o foco no conflito no Oriente Médio. Nesta quarta-feira (25), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que ambos os países têm a possibilidade de reiniciar as hostilidades em algum momento.

“Eu negociei com ambos e eles estão ambos cansados, esgotados. E isso pode recomeçar? Eu acredito que algum dia, pode. Talvez em breve”, afirmou Trump a jornalistas.

Ele acrescentou que sua administração pretende dialogar com o Irã na semana seguinte, após o insucesso das negociações sobre o programa nuclear iraniano ter culminado em um ataque americano a instalações nucleares iranianas. O líder da Casa Branca está participando da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Paralelamente, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, fará novas declarações no segundo dia de seu comparecimento perante o Congresso. Ontem (24), o dirigente do Banco Central americano discursou perante a Câmara dos Representantes, reiterando que as incertezas relacionadas às tarifas impostas por Trump justificam a política de manutenção das taxas de juros.

Nesta quarta-feira (25), Powell comparecerá ao Senado.

Na semana passada, o Fed decidiu manter as taxas de juros em sua faixa atual de 4,25% a 4,50%, pela quarta vez consecutiva. A projeção para o ano ainda indica a possibilidade de até dois cortes de 0,25 ponto-base cada, até dezembro.

Dólar ante o real

Enquanto o cenário internacional capta a maior parte da atenção, os eventos internos também exercem influência sobre a taxa de câmbio.

Nesta quarta-feira (25), o debate em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) renova a cautela no mercado.

Ontem (24), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou a intenção de votar o projeto de decreto legislativo (PDL) que anula as alterações sobre o tributo ainda hoje. O tema foi adicionado à pauta da sessão plenária da Casa na noite de terça-feira.

Adicionalmente, o Banco Central (BC) conduziu um leilão de até US$ 1 bilhão no mercado à vista, combinado com a oferta de 20 mil contratos de swap cambial reverso — totalizando US$ 1 bilhão — na manhã desta quarta-feira (25).

Essas operações, conhecidas no mercado em 2019 como ‘casadão’, possuem um impacto neutro no curto prazo, o que significa que não devem alterar o comportamento da taxa de câmbio, visto que as quantidades de swap cambial reverso (compra de dólares no mercado futuro) e a venda de dólar à vista são equivalentes.

O BC não detalhou o objetivo por trás da realização dessas duas operações. Contudo, analistas de mercado interpretaram que a instituição estaria mirando o cupom cambial — a diferença entre as taxas de juros em reais e em dólares, amplamente utilizada na precificação de operações de hedge (proteção) no mercado de câmbio.

Operadores do mercado também observam uma saída de capitais, um movimento recorrente ao final de cada semestre.

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