Os preços reduzidos de energia nas regiões Norte e Nordeste impactaram negativamente o balanço financeiro, mas o controle de custos e as provisões apresentaram um resultado positivo, trazendo otimismo para a Eletrobras no curto prazo.
Os primeiros meses do ano foram desafiadores para a Eletrobras (ELET3).
A companhia divulgou que enfrentou custos elevados na compra de energia, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, resultando em perdas de R$ 303 milhões.
Esse aumento nos gastos não gerenciáveis foi inesperado pelo mercado, registrando uma elevação de 31% em relação ao ano anterior.
Essas perdas impactaram significativamente o lucro, resultando em uma queda de 11% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado regulatoriamente, além de uma redução de 8,1 pontos percentuais na margem Ebitda.
Em um relatório, a XP previu que os investidores teriam uma reação negativa aos resultados apresentados. E isso se confirmou.
Na bolsa, as ações da Eletrobras registraram queda nesta quinta-feira (15), com perdas de 3,75% por volta das 11h (horário de Brasília), sendo negociadas a R$ 41,56.
No entanto, o período de janeiro a março não foi composto apenas por notícias negativas. A Eletrobras fez progressos no controle de custos e provisões.
Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, destacou que a empresa apresentou uma melhora significativa nas provisões e uma evolução positiva na linha de PMSO (despesas gerenciáveis com pessoal, materiais, serviços e outros), que registrou uma queda de 8,3% em comparação ao mesmo período de 2024. Isso “demonstra os esforços para alcançar maior eficiência”.
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O lucro líquido regulatório ajustado atingiu R$ 408 milhões, em comparação com os R$ 1,02 bilhão projetados pelo BTG, enquanto o resultado conforme as normas IFRS indicou um prejuízo de R$ 352 milhões.
Contudo, esse resultado não teve um impacto tão grande entre os analistas, uma vez que foi afetado negativamente por um ajuste regulatório de R$ 952 milhões devido à revisão de preços em contratos de transmissão.
Além disso, a empresa atualizou seu balanço de energia e finalizou parcialmente a venda de usinas térmicas para a Âmbar, no valor de R$ 2,9 bilhões, o que o BTG considera um avanço positivo para a otimização da geração.
É hora de comprar ações da Eletrobras?
Os resultados da Eletrobras ficaram aquém das expectativas do mercado em diversos indicadores, mas as recomendações de compra para as ações ELET3 foram mantidas pelo BTG, XP e Empiricus.
Segundo Ruy Hungria, mesmo com os resultados negativos devido aos altos custos de compra de energia, a empresa continua fazendo progressos significativos na gestão de gastos, o que pode gerar um valor considerável para a tese de investimento.
“Com um múltiplo de 6x valor da Firma/Ebitda e um dividend yield que pode alcançar dois dígitos a partir de 2026, mantemos nossa recomendação de compra para a Eletrobras”, afirma o analista.
O BTG também recomenda a compra das ações, mas ressalta em seu relatório a importância de monitorar a revisão tarifária que afetou os lucros e a reestruturação do portfólio.
A meta de preço estabelecida para os próximos 12 meses é de R$ 58,00, o que representa um potencial de valorização de 39,5%. Já a XP tem uma estimativa mais conservadora, fixando o preço alvo em R$ 50.