O Ibovespa (IBOV) ultrapassou os 140 mil pontos pela primeira vez na última segunda-feira (19), dando continuidade a uma série de recordes iniciada na semana anterior. Com esse progresso significativo, o Safra atualizou suas previsões para o principal índice da bolsa brasileira nos próximos 12 meses.
Agora, o banco projeta que o Ibovespa alcance 170 mil pontos até meados de 2026, o que representa um potencial de valorização de 21,7% em relação ao fechamento do dia anterior (19).
De acordo com os analistas do Safra, a expectativa de término do ciclo de aperto monetário foi reforçada por indícios de desaceleração na atividade econômica, resultando em uma melhora no sentimento do mercado para o primeiro semestre deste ano, impulsionada pela expectativa de queda nas taxas de juros futuras e redução do risco-país.
Neste ano, o Ibovespa já registra uma alta de cerca de 16%, acompanhando o bom desempenho das bolsas chinesa e mexicana.
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Novos recordes do Ibovespa à vista
Os analistas do Safra atribuem o recente desempenho positivo do Ibovespa a, pelo menos, três fatores: indicadores econômicos que mostram sinais de desaceleração, resultados corporativos “ainda robustos” e a guerra tarifária entre Estados Unidos e China.
De acordo com eles, as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, em particular, levaram a uma busca por diversificação nos portfólios. Desde janeiro, os investidores estrangeiros injetaram aproximadamente R$ 19,8 bilhões na B3.
No entanto, apesar do aumento acumulado no ano, a bolsa brasileira ainda é considerada barata — o que cria um cenário propício para novos recordes.
De acordo com as análises do Safra, o Ibovespa ainda está sendo negociado 24% abaixo de sua média histórica dos últimos 10 anos. “Entre os países emergentes, o Brasil se destaca com um desconto superior à média”, afirmaram os analistas Cauê Pinheiro, Carolina Carneiro, Yves Adam e Luana Nunes em um relatório.
Além do valuation atrativo, as empresas brasileiras mantêm fundamentos sólidos, como demonstrado pelo desempenho no primeiro trimestre de 2025 (1T25), que revelou uma expansão nos lucros de cerca de 13% em relação ao ano anterior.
A expectativa de encerramento do ciclo de aperto monetário da Selic também pode favorecer a valorização do Ibovespa no futuro.
“Com a aproximação do fim do ciclo de aumentos nas taxas de juros, podemos antecipar resultados mais positivos para as empresas em 2026 e uma maior migração de recursos dos investidores locais da renda fixa para a renda variável”, destacaram os analistas.
A equipe de macroeconomia do banco projeta que a Selic se mantenha em 14,75% ao ano até o meio do quarto trimestre (4T25) para conter a inflação prevista em 5,1% para este ano. No entanto, a taxa deve finalizar 2025 em 13,75% ao ano.
Para 2026, o Safra estima que a taxa de juros chegue a 11%, com a inflação próxima da meta, em 3,8%.
Onde investir?
Os analistas do Safra acreditam que o cenário atual indica a necessidade de um posicionamento mais equilibrado nas carteiras de ações, levando em conta a valorização já registrada pelo Ibovespa e a possibilidade de uma estabilização do índice no curto prazo antes de um novo ciclo de alta.
Por essa razão, as ações defensivas — como as de commodities, serviços essenciais, bancos e shoppings — representam 68% da carteira do banco, que também inclui empresas mais cíclicas dos setores de construção e varejo alimentar.
Para um horizonte de médio prazo, o Safra sugere aumentar a alocação em ações que podem se beneficiar de uma redução nas taxas de juros, como Cyrela (Construção), Vivara (Varejo), Yduqs (Educação) e Localiza (Transportes).