Uma semana depois de atingir a marca histórica de 139 mil pontos, o Ibovespa (IBOV) mantém sua trajetória de alta e ultrapassa os 140 mil pontos pela primeira vez nesta segunda-feira (19).
Por volta das 12h55 (horário de Brasília), o principal índice da bolsa brasileira alcançou um novo recorde intradia de 140.022,15 pontos, com uma valorização de 0,60%. O recorde anterior havia sido estabelecido na semana passada, em 13 de maio, quando o índice atingiu 139.419,00 pontos.
O fator que impulsiona a movimentação do mercado, desta vez, é a expectativa de que o ciclo de aumento da Selic chegou ao seu fim. Hoje (19), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou que as taxas de juros devem se manter elevadas por mais tempo, embora não tenha fornecido uma orientação específica sobre os próximos passos.
“Considerando a dinâmica surpreendente da economia nos últimos anos, mesmo com uma taxa de juros em níveis restritivos e com a inflação e as expectativas desancoradas, precisamos realmente manter os juros em um patamar bastante elevado por um período prolongado. Essa é a nossa perspectiva”, afirmou Galípolo durante a 12ª Conferência Anual de Macro Brasil, evento promovido pelo Goldman Sachs em São Paulo.
Ele também destacou que o Banco Central ainda não está preparado para sinalizar qualquer mudança na taxa básica de juros. “É necessário que ganhemos confiança na análise dos dados para avaliar essa convergência”, disse.
De acordo com o presidente do BC, as expectativas inflacionárias desancoradas e o contexto econômico atual exigem uma abordagem cautelosa, e o Comitê de Política Monetária (Copom) continua a depender das informações disponíveis. Galípolo mencionou que é normal que o mercado reaja rapidamente aos dados econômicos que surgem, mas é preciso ter cuidado para “não se deixar levar pela emoção”.
Na última atualização feita na sexta-feira (19), as opções do Copom negociadas na B3 indicam uma probabilidade de 62% de manutenção da taxa básica de juros em 14,75% ao ano. No dia anterior, essa probabilidade era de 55%.
O mercado também está respondendo a novos indicadores econômicos. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) superou as expectativas. A prévia do Produto Interno Bruto (PIB) registrou um aumento de 0,8% em março, após uma alta de 0,5% em fevereiro, acumulando um crescimento de 4,2% nos últimos 12 meses. A previsão dos analistas consultados pela Reuters era de uma elevação de apenas 0,5% na comparação mensal.
Exterior
Os índices de Wall Street estão em queda nesta segunda-feira (19), reflexo da deterioração do cenário fiscal dos Estados Unidos. Isso ocorre em meio à análise do Orçamento, que pode elevar a dívida pública para cerca de US$ 37 trilhões, representando quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Além disso, a agência Moody’s rebaixou a nota de crédito dos EUA.
Na Ásia, os índices também encerraram o dia em baixa, com investidores avaliando novos dados econômicos e o rebaixamento da nota de crédito americana. Na China, as vendas no varejo cresceram 5,1% em abril em relação ao mesmo mês do ano anterior, abaixo da expectativa da Reuters de 5,5%. Por outro lado, a produção industrial teve um aumento de 6,1% em abril, superando as previsões dos analistas que esperavam um crescimento de 5,5%, embora tenha desacelerado em comparação ao salto de 7,7% registrado em março.
O índice Hang Seng, de Hong Kong, teve uma leve queda de 0,05%, enquanto o Nikkei japonês fechou com uma desvalorização de 0,68%.
Na Europa, as bolsas estão operando de forma mista. A libra esterlina se recupera após a União Europeia e o Reino Unido chegarem a um acordo para redefinir suas relações pós-Brexit. Por volta das 12h30 (horário de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 apresentava uma leve alta de 0,02%, atingindo 549,29 pontos.
É o dólar?
O dólar está perdendo valor em relação a outras moedas globais, como o euro e a libra. Por volta das 12h30, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, apresentava uma queda de 0,82%, situando-se em torno dos 100 mil pontos.
Em relação ao real, a moeda americana segue a tendência do mercado internacional. No mesmo horário, o dólar estava cotado a R$ 5,63738, uma desvalorização de 0,57%.