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Impacto do clima nos negócios de bancos e instituições financeiras mais que dobra, aponta pesquisa do BC

Um estudo revela que os principais meios de propagação dos riscos climáticos incluem impactos sobre ativos, produção e renda, o que, por sua vez, influencia o crédito e as taxas de inadimplência.

As mudanças climáticas têm se tornado um tema cada vez mais relevante nas análises das instituições financeiras no Brasil. Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira de abril de 2025, divulgado pelo Banco Central (BC), o número de instituições financeiras que relataram efeitos da materialização de riscos climáticos em suas operações ao longo de 2024 mais que dobrou.

Dentre os eventos mencionados, as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 foram as mais citadas como responsáveis por impactos diretos nas atividades das instituições.

Apesar disso, a maioria das instituições avaliou que o impacto desses eventos foi baixo, tanto em relação ao risco real à sua estabilidade quanto à do sistema financeiro nacional como um todo.

Embora os eventos extremos recentes tenham recebido atenção, a seca continua a ser considerada o fenômeno climático mais significativo a longo prazo, em relação ao seu potencial impacto sobre os ativos financeiros das instituições.

Os bancos apontam que os principais meios pelos quais os riscos climáticos físicos afetam o sistema financeiro são os impactos sobre ativos, produção e renda, o que influencia o crédito e as taxas de inadimplência, conforme um estudo do Banco Central.

A gestão dos riscos de transição, que são principalmente ocasionados pelo aumento dos custos para se adequar à regulamentação de baixo carbono, permanece relativamente estável entre os participantes da pesquisa.

Mapeamento preliminar revela vulnerabilidades setoriais e geográficas

O relatório do Banco Central também inclui um mapeamento exploratório que avalia a exposição do sistema financeiro nacional aos riscos climáticos físicos, utilizando dados setoriais e geográficos.

Os riscos climáticos físicos, resultantes das mudanças no clima, impactam a infraestrutura e as cadeias produtivas tanto por meio de eventos extremos (como secas, enchentes e furacões) quanto por mudanças graduais (como a elevação do nível do mar e variações de temperatura).

De acordo com a avaliação das instituições, os biomas mais suscetíveis aos riscos climáticos físicos são o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa.

Além disso, o macrossetor de bens de consumo essencial, que abrange a agricultura e a pecuária, se destaca como o mais vulnerável aos eventos climáticos.

Embora seja um estudo inicial, ele oferece insights valiosos para a criação de ferramentas mais sofisticadas de avaliação de riscos climáticos no setor financeiro.

Impacto dos riscos climáticos no crédito

A pesquisa realizada pelo Banco Central indica que o risco de crédito, relacionado à inadimplência, permanece sendo o principal risco financeiro associado à transmissão de riscos climáticos físicos e de transição.

As instituições financeiras que participaram do estudo apontaram os seguintes meios pelos quais os riscos climáticos físicos se manifestam nos riscos financeiros:

  • Danos ou revisão de preços de ativos de famílias e empresas
  • Menor produtividade empresarial devido a interrupções ou inatividade de ativos
  • Queda na renda familiar
  • Declínio da produtividade agrícola

No que diz respeito ao risco de transição climático, as instituições financeiras apontam a inadimplência como o principal risco financeiro.

Esse risco se manifesta, principalmente, pelo aumento de custos decorrente de políticas e regulamentações voltadas para uma economia de baixo carbono, além de barreiras de mercado geradas por mudanças nas regulamentações e políticas internacionais.

O relatório também ressalta que as instituições estão se preparando para enfrentar esses riscos climáticos de maneira mais eficaz. A partir de 2025, novas normas contábeis entrarão em vigor, exigindo uma maior provisão para perdas esperadas, incluindo aquelas relacionadas a eventos climáticos.

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