O Irã declarou nesta segunda-feira (23) que o ataque dos Estados Unidos às suas instalações nucleares ampliou os alvos legítimos para suas Forças Armadas. O país também criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, chamando-o de “apostador” por apoiar a campanha militar de Israel contra a República Islâmica.
Desde que Trump se alinhou com Israel, lançando bombas de fragmentação em bunkers nas instalações nucleares iranianas no domingo, o Irã tem ameaçado retaliar. Apesar de continuar lançando mísseis contra Israel, o Irã ainda não atacou diretamente os Estados Unidos, nem suas bases nem as rotas petrolíferas próximas à sua costa.
“Senhor Trump, o apostador, o senhor pode iniciar esta guerra, mas seremos nós que a encerraremos”, afirmou Ebrahim Zolfaqari, porta-voz do quartel-general militar central Khatam al-Anbiya do Irã, em vídeo divulgado na segunda-feira.
Irã e Israel protagonizaram mais uma série de ataques aéreos e com mísseis na segunda-feira, enquanto o mundo aguarda a resposta de Teerã.
A administração Trump afirma que sua intenção é apenas eliminar o programa nuclear iraniano, sem provocar um conflito maior.
Porém, em uma postagem nas redes sociais no domingo, Trump mencionou explicitamente a possibilidade de derrubar o regime clerical rígido que tem sido o principal adversário dos EUA no Oriente Médio desde a revolução de 1979.
“Embora o termo ‘mudança de regime’ não seja politicamente adequado, se o governo atual do Irã não conseguir RESTAURAR A GRANDEZA DO PAÍS, por que uma mudança não seria considerada?”, afirmou ele.
Especialistas que examinaram imagens de satélite comercial indicaram que o ataque dos EUA aparentemente causou sérios danos à usina nuclear iraniana de Fordow, localizada dentro de uma montanha, possivelmente destruindo a instalação e as centrífugas de enriquecimento de urânio, embora ainda não haja confirmação independente.
“O Irã sofreu danos significativos em todas as suas instalações nucleares”, declarou Trump. “O maior impacto foi registrado nas áreas subterrâneas.”
Irã x Israel: Mais ataques
Desde o ataque surpresa de Israel em 13 de junho, que resultou na morte de vários altos comandantes iranianos, as defesas aéreas do Irã têm oferecido pouca resistência aos bombardeios israelenses.
Na segunda-feira, as Forças Armadas de Israel informaram que cerca de 20 aviões realizaram uma série de ataques noturnos contra alvos militares no oeste do Irã e em Teerã. Em Kermanshah, no oeste do país, foram atingidas instalações de mísseis e radares, enquanto em Teerã um sistema lançador de mísseis terra-ar foi alvo, conforme relatos.
Mídias iranianas noticiaram que as defesas aéreas foram acionadas nos bairros centrais de Teerã e que os ataques atingiram Parchin, um complexo militar localizado a sudeste da capital.
O Irã afirma que os bombardeios israelenses causaram mais de 400 mortes, a maioria civis, mas divulgou poucas imagens dos estragos após os primeiros dias dos ataques. A capital, com cerca de 10 milhões de habitantes, está quase deserta, com moradores se deslocando para áreas interiores para fugir dos bombardeios.
Em contrapartida, os ataques com mísseis iranianos contra Israel resultaram em 24 mortes civis e centenas de feridos, marcando a primeira vez que uma quantidade significativa de mísseis iranianos conseguiu ultrapassar as defesas israelenses.