As ações da Marfrig (MRFG3) estão em destaque positivo no Ibovespa (IBOV) e são algumas das mais negociadas na B3 nesta sexta-feira (16), superando a cautela do mercado local, que apresenta o principal índice da bolsa brasileira em baixa.
Por volta das 12h15 (horário de Brasília), as ações da MRFG3 registravam uma alta de 18,73%, cotadas a R$ 24,53. Durante a primeira hora do pregão, os papéis chegaram a subir até 26%. Nesse mesmo horário, o Ibovespa apresentava uma queda de 1%, em torno dos 137 mil pontos.
O forte desempenho positivo das ações é amplamente impulsionado pela possível fusão entre a Marfrig e a BRF (BRFS3). Na quarta-feira (15), as duas empresas anunciaram um acordo para combinar seus negócios, resultando na criação da MBRF, com a expectativa de que a transação seja concluída no início do segundo semestre deste ano.
Esse acordo prevê a incorporação total da BRF, da qual a Marfrig já detém 50,49% de participação. A primeira aquisição de ações da BRF pela Marfrig ocorreu em maio de 2021, quando a empresa se posicionou como um investidor passivo.
Na análise do BTG Pactual, a transação apresenta “muitos méritos”. Os analistas destacaram que, mesmo com sinergias operacionais limitadas, os benefícios fiscais potenciais, o aumento de escala e a relevância do negócio podem contribuir para a realização do antigo desejo da empresa de realizar um IPO, que vem sendo sonhado desde 2007.
Por sua vez, os analistas do Bradesco BBI observaram que os termos do acordo parecem favorecer diretamente os acionistas da Marfrig.
Além disso, os investidores estão reagindo positivamente ao balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25) da companhia, que foi divulgado no dia anterior (15).
O governo brasileiro anunciou o primeiro caso de gripe aviária no país. No entanto, a Marfrig se mostra uma das empresas menos impactadas por essa notícia, ao contrário da BRF (BRFS3) e da JBS (JBSS3), que estão mais suscetíveis aos efeitos da contaminação.
Marfrig: os números do 1T25
A Marfrig registrou um lucro líquido de R$ 88 milhões atribuídos ao controlador no período de janeiro a março, o que representa um crescimento de 40,3% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou R$ 3,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025, apresentando um aumento de 20,8% em comparação anual e ficando próximo da expectativa média dos analistas consultados pela LSEG, que era de R$ 3,01 bilhões.
O que dizem os analistas
Segundo os analistas, a Marfrig apresentou resultados superiores às expectativas no primeiro trimestre de 2025, com um desempenho notável na América Latina.
Os analistas da XP destacaram que as operações na América do Sul continuaram a gerar margens de dois dígitos, mesmo diante de uma sazonalidade mais fraca, refletindo a estratégia da empresa de aumentar a participação de produtos processados em seu portfólio.
Na perspectiva do Santander, os resultados foram considerados sólidos, especialmente levando em conta que tanto o mercado brasileiro quanto o norte-americano estão passando por uma fase de baixa no ciclo do gado.
Por outro lado, os analistas do BTG Pactual observaram tendências contrastantes: enquanto a América do Sul superou as expectativas, a National Beef enfrentou pressões adicionais devido ao ciclo do gado nos Estados Unidos.
É hora de comprar MRFG3?
Os bancos mantiveram a recomendação neutra para as ações, mas indicaram que em breve irão atualizar suas estimativas para considerar a possível fusão com a BRF.
Com a união dos negócios, a XP projeta que a nova empresa MBRF alcance uma receita líquida de R$ 162 bilhões e um Ebitda ajustado de R$ 13,8 bilhões em 2025 (sem considerar sinergias), além de um rendimento de fluxo de caixa (FCF) de 7,4% neste ano.
Em suas estimativas preliminares, o BTG Pactual calcula que a MBRF terá um múltiplo de valor da empresa (EV) em relação ao Ebitda variando entre 5,7 e 5,8 vezes até o final de 2025, ou entre 5,4 e 5,6 vezes se incluídas as sinergias fiscais esperadas.
Os analistas comentaram que, embora esses múltiplos representem avaliações significativamente mais baratas do que antes da transação, ainda implicam um prêmio em relação à JBS — uma comparação que consideram difícil de justificar. No entanto, com a previsão de que 38% da receita pós-fusão venha de alimentos processados, a nova Marfrig pode ter algum suporte em sua avaliação.
Na mesma linha, os analistas do Bradesco BBI também acreditam que a MBRF deve ser lançada com múltiplos superiores aos dos concorrentes.