Os investidores que optarem por não participar da nova fase da plataforma podem solicitar o reembolso dos seus investimentos nas ações da CASH3.
A escolha do Méliuz (CASH3) de investir em bitcoin (BTC) parece ter agradado a parte dos investidores, sendo um fator que contribui para a valorização das ações da empresa, que já registram uma alta superior a 180% apenas em 2025.
Entretanto, essa estratégia é arriscada. Ela se assemelha bastante ao que aconteceu com a Strategy, resultando na saída de Michael Saylor do cargo de CEO.
Para aqueles que desejam se desvincular do Méliuz, existem opções: a empresa recentemente anunciou as diretrizes para o reembolso dos investidores que não querem mais fazer parte da companhia.
De acordo com o comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de terça-feira (27), somente os investidores que votaram contra, se abstiveram ou não participaram da votação sobre a mudança no estatuto poderão solicitar o reembolso das suas ações.
É importante destacar que a alteração foi aprovada em assembleia no dia 14 de maio, permitindo à empresa adotar o bitcoin como seu principal ativo estratégico.
Assim, os investidores que adquiriram ações da CASH3 após o fechamento do pregão em 14 de maio não terão direito ao reembolso.
Após o anúncio, as ações da empresa começaram o pregão desta quarta-feira (28) em baixa. Por volta das 11h20, os papéis apresentavam uma queda de 2,42%, sendo negociados a R$ 7,66.
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As outras regras para quem quer sair do Méliuz
Aqueles que desejam se desvincular da estratégia envolvendo bitcoins já podem solicitar o reembolso. O prazo para essa solicitação começou a contar a partir da divulgação da ata da assembleia, que foi publicada nesta manhã.
Entretanto, existe um prazo final para os pedidos, que se encerra 30 dias após a divulgação do documento. Assim, os investidores têm até 27 de junho para solicitar o retorno dos seus investimentos nas ações do Méliuz.
O valor do reembolso foi fixado em R$ 3,9285253473904 por ação, calculado com base no patrimônio líquido da empresa até o final do ano passado.
Os investidores que possuem ações custodiadas na Central Depositária de Ativos da B3 devem entrar em contato com seus agentes de custódia para solicitar o reembolso.
Por outro lado, os acionistas que têm ações escrituradas pelo BTG Pactual devem contatar o banco por meio do e-mail disponível na instituição.
Os planos para ter bitcoin na carteira
Os planos da empresa para investir em criptomoedas tiveram início em 6 de março, quando anunciou que destinou 10% de seu caixa para a aquisição de bitcoins.
Naquela ocasião, a companhia adquiriu 45,72 bitcoins por cerca de US$ 4,1 milhões, com um preço médio de US$ 90.296,11 por BTC.
Após essa compra, o Méliuz decidiu intensificar seus investimentos. Em meados de abril, convocou uma assembleia geral para discutir a possibilidade de realizar um investimento significativo na criptomoeda, transformando-a em um ativo estratégico de longo prazo para suas operações.
No entanto, na primeira convocação, a empresa não conseguiu reunir o número mínimo necessário de acionistas para aprovar a alteração do seu estatuto. Somente na segunda assembleia é que a companhia obteve sucesso.
Apesar dessa mudança, o Méliuz deixou claro que não tem a intenção de modificar seu negócio principal.
Enquanto a empresa se lança nessa nova estratégia, parte do mercado observa essa movimentação com cautela.
De acordo com Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, embora a empresa tenha recursos e saúde financeira adequados para adquirir bitcoins, essa decisão pode indicar uma falta de foco.
“Os investidores que compram ações do Méliuz deveriam estar apostando no modelo de negócio da empresa, e não em uma alocação especulativa em criptoativos. Se um investidor acredita na valorização do bitcoin, ele pode adquiri-lo diretamente”, comentou Miranda após o primeiro anúncio sobre a compra de BTC pela companhia.
“Vejo essa decisão como um sinal de desvio de foco. O Méliuz deveria concentrar seus esforços em fortalecer seu core business e gerar valor para seus acionistas. Isso pode ser um indicativo preocupante.”