As ações da Natura apresentaram uma reação positiva após a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25). Por volta das 15h20 (horário de Brasília), os papéis NTCO3 registravam alta de 6,28%, cotados a R$ 9,99. A empresa conseguiu reduzir seu prejuízo em 83,9% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 150,7 milhões no intervalo de janeiro a março deste ano.
No pico do dia, as ações chegaram a subir 7,67%, atingindo R$ 10,11.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente da fabricante de cosméticos alcançou R$ 789,5 milhões, representando um crescimento de 30,1% em comparação ao ano anterior.
Segundo a análise do BTG Pactual, a empresa apresentou um desempenho superior após os desafios enfrentados no quarto trimestre de 2024.
A equipe de analistas liderada por Luiz Guanais ressalta a melhora nas tendências gerais, destacando as vendas da marca Natura na América Latina e o aumento da margem bruta como os principais aspectos positivos. Na perspectiva do banco, esses fatores compensaram a fraqueza ainda observada na Avon e o aumento das despesas com vendas.
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Durante uma coletiva de imprensa, o CEO da empresa, João Paulo Ferreira, enfatizou a simplificação das operações na América Latina. Ele anunciou que a segunda fase de integração das operações da Avon e Natura no México será concluída no segundo trimestre deste ano, enquanto na Argentina está prevista para o terceiro trimestre.
O CEO também expressou a expectativa de que os custos de transformação na América Latina cheguem ao fim após 2025, prevendo que não serão superiores aos registrados em 2024.
“Isso nos permite afirmar com confiança que estamos bem posicionados nessa jornada de expansão de rentabilidade e conversão de caixa que temos promovido nos últimos três anos”, declarou Ferreira.
De acordo com o executivo, a fase de transformação da companhia na América Latina deve ser concluída em 2025, e a partir de 2026, não haverá mais custos relacionados a essa transformação.
Ele também mencionou que as eficiências geradas por essa integração estão sendo reinvestidas em inovação, marketing e digitalização de forma equilibrada, visando reduzir a volatilidade do Ebitda, que avalia o desempenho operacional da empresa.
O BTG Pactual informou que irá acompanhar de perto o progresso nas margens, especialmente a volatilidade da margem bruta ao longo deste ano, assim como a consistência das tendências de crescimento das vendas no Brasil e na América Latina, antes de adotar uma visão mais otimista sobre a tese. Por enquanto, o banco mantém uma recomendação neutra.
Para a equipe do Santander, sob a liderança de Ruben Couto, o primeiro trimestre foi misto, mas positivo em comparação às baixas expectativas do mercado após um quarto trimestre de 2024 desafiador.
“A melhoria na lucratividade foi impulsionada por um descompasso entre câmbio e inflação, beneficiando as receitas, mas ainda não impactando o custo dos produtos vendidos (CPV) na América Latina, o que indica uma possível pressão futura”, avaliou o banco.
Os analistas também ressaltam que os desafios enfrentados pela Avon International continuam, com a administração realizando cortes significativos de pessoal ao longo do trimestre.
Natura tem uma pendência: Avon International
Entre os analistas, existe uma expectativa em relação ao futuro da Avon International, que pode abrir novas oportunidades para a tese da Natura.
Durante a coletiva, o CEO reiterou que estão sendo considerados diferentes caminhos para a divisão, incluindo a possibilidade de venda, parcerias ou a separação da Avon em uma empresa independente (spinoff).
A Natura prevê que os custos de reestruturação da Avon International atinjam seu pico no segundo e terceiro trimestres deste ano, o que incluirá cortes de aproximadamente 1.100 postos de trabalho. Contudo, ainda não há uma previsão definida para o desfecho da Avon International.
Os analistas Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos, ressaltam que estão aguardando mais informações sobre a venda desse ativo para que a tese da companhia se concretize. Eles esperam ver os resultados consolidados e o fluxo de caixa se alinhando aos números da Natura Cosméticos, considerando esses fatores essenciais para uma reavaliação estrutural dos múltiplos.
Atualmente, com uma unidade de negócio sólida e outra deficitária, os analistas mantêm a recomendação de compra para as ações NTCO3, baseando-se no potencial de geração de valor.
Desempenho das ações aquém do Ibovespa
A analista Andréa Aznar, do BB Investimentos, destaca que as ações da Natura apresentaram uma queda de 26,4% desde o começo do ano até o dia 12 de maio, um desempenho que ficou aquém do Ibovespa no mesmo período.
“Em nossa avaliação, essa queda se deve ao desânimo gerado pelos resultados do quarto trimestre de 2024 e à incerteza sobre o futuro da Avon International”, afirma.
No primeiro trimestre de 2025, Andréa observa que os resultados foram significativamente mais positivos em comparação aos anteriores, com a Natura demonstrando a força de sua marca e mantendo um crescimento sólido nas vendas.
“Entretanto, a empresa ainda enfrenta desafios com as vendas fracas na Avon América Latina e a incerteza em relação ao futuro da Avon International, que continua impactando negativamente os resultados do Grupo”, analisa.
Quanto ao cenário macroeconômico, o BB Investimentos aponta que os indicadores indicam uma expectativa de deterioração, especialmente para o segundo semestre do ano, o que traz perspectivas desafiadoras para as empresas do setor de varejo de bens não essenciais, como a Natura.
Diante desse cenário, o BB mantém uma recomendação neutra e estabelece um preço-alvo de R$ 17,30 para o final de 2025.
Veja as indicações para as ações da Natura
Banco/Corretora | Indicação | Preço-alvo |
---|---|---|
BTG Pactual | Neutro | R$ 18 |
Santader | Neutro | R$ 11 |
Bradesco BBI/Ágora Investimentos | Compra | — |
BB Investimentos | Neutro | R$ 17,30 |