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Nem o ‘trade de eleições’ do Banco do Brasil (BBAS3) anima a XP: analistas rebaixam ação e cortam preço-alvo

Após um desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre e com preocupações relacionadas à inadimplência no setor agropecuário, a XP adotou uma postura mais cautelosa em relação às ações do Banco do Brasil (BBAS3).

Após um primeiro trimestre que ficou aquém das expectativas, o Banco do Brasil passou a ser classificado como um ativo de maior cautela no mercado. A XP Investimentos agora se une a outras instituições de análise que reavaliaram suas perspectivas sobre as ações BBAS3.

Os analistas decidiram rebaixar a recomendação para os papéis BBAS3, passando de compra para neutro.

Além disso, a corretora reduziu o preço-alvo para as ações do Banco do Brasil, ajustando de R$ 41 para R$ 32 por ação.

Mesmo com essa redução, o novo valor ainda indica uma potencial valorização de aproximadamente 36,6% em comparação com os preços de fechamento mais recentes.

Banco do Brasil: guidance em revisão, agro sob pressão

No primeiro trimestre, o Banco do Brasil (BBAS3) decepcionou ao registrar um lucro 20% inferior ao esperado, apresentando uma rentabilidade (ROE) de 16,7% e um aumento nos níveis de provisões.

Adicionalmente, a própria instituição gerou preocupações ao revisar algumas diretrizes do guidance para 2025, o que trouxe um nível adicional de incerteza para analistas e investidores.

Em razão dos resultados insatisfatórios do primeiro trimestre de 2025, a XP decidiu revisar suas previsões de lucro líquido para o Banco do Brasil, reduzindo-as em 29% para 2025 (R$ 28 bilhões) e em 28% para 2026 (R$ 30 bilhões).

O consenso do mercado ainda estima um lucro líquido em torno de R$ 35 bilhões para a instituição. No entanto, a XP acredita que os investidores precisarão ajustar suas expectativas à medida que assimilarem as mensagens mais cautelosas da administração do banco.

“Ao classificar as principais diretrizes de orientação para 2025 como ‘em revisão’, o BB aumenta a incerteza e pode levar a uma desancoragem das estimativas para o ano”, comentou a XP.

Outro ponto que chamou a atenção da XP foi o aumento da exposição ao agronegócio, cujo portfólio de crédito dobrou desde 2018, totalizando R$ 365 bilhões.

Entretanto, esse crescimento na carteira do setor agropecuário foi acompanhado por um aumento nos índices de inadimplência acima de 90 dias e, consequentemente, nos níveis de provisão do Banco do Brasil.

Valuation atrativo, mas o cenário pesa

Apesar da postura cautelosa, a XP admite que o valuation das ações ainda é considerado atrativo. No entanto, os analistas apontam que a situação pode se deteriorar antes de apresentar sinais de melhora.

“No primeiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil apresentou resultados insatisfatórios, que ficaram abaixo tanto das nossas previsões quanto das expectativas do mercado. Esses resultados fizeram com que a instituição revisasse linhas essenciais de seu guidance para 2025, indicando que a administração está lidando com uma incerteza maior em relação às suas projeções de desempenho”, destacou.

Trade de eleições?

É verdade que as ações BBAS3 são frequentemente consideradas uma maneira de se expor ao cenário eleitoral. No entanto, a XP ressalta que o histórico não demonstra que o “trade de eleições” ofereça resultados consistentes para os papéis do Banco do Brasil.

“Reconhecemos que as ações podem se beneficiar da proximidade das eleições, e o valuation ainda atrativo contribui para essa perspectiva”, observa a corretora.

Ainda assim, a XP enfatiza que o ambiente operacional continua sendo desafiador para os resultados do banco.

“Embora nossa mudança de recomendação de compra para neutro possa ser ofuscada pelos movimentos eleitorais, preferimos priorizar os desafios atuais”, conclui.

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