O presidente executivo e fundador da 3tentos (TTEN3), Luiz Dumoncel, participou do painel “Cenário Atual e os Impactos no Setor de Biocombustíveis” durante o AgroForum Cuiabá, evento promovido pelo BTG Pactual.
Dumoncel enfatizou as oportunidades que o mercado de biocombustíveis oferece, mas também ressaltou a importância de avançar nas regulamentações. Ele destacou o significado do marco do Combustível do Futuro.
“O combustível do futuro, com a mistura obrigatória de biodiesel e etanol e os aumentos previstos, nos proporciona a capacidade de fazer projeções, planejar e investir. Esse planejamento começa na lavoura. Devemos manter o foco em produzir mais com qualidade. Não é necessário desmatar; podemos utilizar áreas já degradadas”, afirmou, referindo-se a locais que já são utilizados por atividades humanas.
À medida que o debate avançava, o fundador da 3tentos começou a traçar comparações entre o Brasil e os Estados Unidos.
“O Brasil produz 9,7 bilhões de litros de biodiesel e consome 8,96 bilhões, enquanto os EUA têm uma produção e consumo total de 19 bilhões de litros, incluindo biodiesel e HVO (diesel verde renovável). No que diz respeito ao milho, os EUA produzem 400 milhões de toneladas e processam 134 milhões, enquanto no Brasil a produção é de 130 milhões de toneladas, com apenas 18 milhões processadas. Isso resulta em um uso de 37% nos EUA contra apenas 13% aqui no Brasil.”
Ele enfatizou que a discussão não deve se concentrar em competir com o etanol de cana-de-açúcar, mas sim em aumentar a produção para tornar os alimentos mais acessíveis.
“Os EUA têm 118 milhões de toneladas de soja e já geram 19 bilhões de litros de biodiesel e HVO. O Brasil possui 170 milhões de toneladas de soja, mas destina apenas 25 milhões para a produção de biodiesel. Fazemos o esmagamento de 60 milhões e o óleo proveniente desses 25 milhões é utilizado no biodiesel. O mercado está à nossa frente, e ainda não exploramos combustíveis marítimos nem rotas do SAF. Esse é o caminho a seguir. O biodiesel emite 82% menos poluentes do que o diesel fóssil. A consolidação desse mercado ocorrerá naturalmente”, concluiu.
A necessidade de avanços no mercado de carnes
Outro assunto que preocupa o fundador da 3tentos, mas que também apresenta vastas oportunidades, é o setor de carnes.
“O Brasil possui 220 milhões de cabeças de gado, sendo o maior rebanho comercial do mundo, e produz anualmente a mesma quantidade de carne que os Estados Unidos, com 94 milhões de toneladas. Enfrentamos muitos problemas de ineficiência, o que é um desafio, mas também uma grande oportunidade. É nesse contexto que o farelo de soja e, em especial, o DDG (grãos secos de destilaria) entram em cena, permitindo que avancemos na produção.”
O painel contou ainda com a participação de Tiago Stefanello, presidente da Evermat S.A, e José Fernando Mazuca Filho, diretor-presidente da UISA.
Entre os tópicos mais importantes discutidos, os líderes abordaram a necessidade de melhorias regulatórias no mercado, a relevância dos subprodutos e como a retomada da Petrobras (PETR4) em projetos do setor seria benéfica para o Brasil, tanto no avanço das agendas quanto na regulação.