O economista norte-americano Paul Krugman avalia que os Estados Unidos correm o risco de entrar em recessão em decorrência da política de tarifas implementada pelo presidente Donald Trump.
Krugman, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2008, considera as ações de Trump um retrocesso significativo, com potencial para causar um aumento acentuado da inflação. Durante um evento anual da Anbima, o economista destacou que o cenário global atual apresenta o maior nível de incerteza dos últimos anos.
Krugman opina que o encarecimento de produtos devido às tarifas será transferido para os consumidores e que ainda é prematuro avaliar completamente os impactos da política. O economista ressaltou que o processo inflacionário é gradual, assim como observado durante a pandemia.
“Demora para um navio sair de Xangai e chegar aos EUA, e ainda mais tempo para chegar a Roterdã. No entanto, há indícios de que a economia americana em breve atingirá um pico inflacionário”, declarou Krugman durante o Anbima Summit 2025, realizado nesta quarta-feira (25) em São Paulo.
O especialista também pontuou que não percebe uma crise generalizada da globalização, mas sim uma crise na liderança dos Estados Unidos como guia do sistema internacional.
Dólar
No que diz respeito ao dólar, Krugman salientou que a desvalorização mundial de 10% reflete a diminuição da confiança dos investidores estrangeiros, uma vez que as tarifas eram esperadas para fortalecer a moeda. Essa situação foi comparada ao comportamento de moedas em economias emergentes, como as do Brasil e da Argentina.
Apesar do período de instabilidade, o economista afastou a hipótese de o dólar ser suplantado no cenário internacional por outra moeda, devido à fragmentação europeia e ao controle de capitais mais rigoroso imposto pela China.
De acordo com Krugman, nem mesmo as criptomoedas, que têm progredido com a regulamentação das stablecoins, terão a capacidade de se tornarem dominantes nas transações globais. “O dólar ainda possui uma característica singular, de uma forma que talvez os próprios Estados Unidos já não tenham mais”, afirmou.