O ano parecia promissor para a Petrobras (PETR4), com as ações se aproximando de novas máximas, impulsionadas por resultados positivos. No entanto, a empresa foi pega de surpresa pelo impacto das tarifas impostas por Donald Trump, que fez o preço do petróleo cair de US$ 85 para cerca de US$ 60.
Analistas acreditam que o preço da commodity deve se manter nesse nível por um período considerável. Esse cenário levou o BTG Pactual a reduzir sua estimativa de preço-alvo para as ações, ajustando de R$ 58 para R$ 44 — ainda assim, isso representa um potencial de valorização de 37%.
Queda do Brent
Os analistas revisaram suas projeções para o petróleo Brent, agora estimando que ele ficará em US$ 65, em comparação com os US$ 70 estimados anteriormente. Essa mudança se deve a custos de extração que estão um pouco acima do esperado, além de uma trajetória de investimentos mais alinhada com as orientações fornecidas pela empresa.
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Esse novo contexto leva a uma maior alavancagem e reduz a flexibilidade para a distribuição de dividendos, conforme apontado pelo banco.
“Percebemos a Petrobras como uma operadora de alta qualidade, mas com um potencial de valorização mais limitado no curto prazo”, afirmam os analistas.
Dividendos em risco?
Segundo o BTG, assim como ocorre com outras empresas do setor, a capacidade de distribuição de dividendos da Petrobras está intimamente relacionada ao preço do petróleo.
“Com a queda nos preços do petróleo e um aumento nos investimentos devido à estratégia de utilização de FPSOs (Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência de Petróleo e Gás) próprios, em vez de optar por leasing, a margem para distribuições agora se tornou mais restrita.”
Os analistas projetam um dividend yield de 12% para 2025 e de 14% para 2026, mas alertam que o balanço de riscos é predominantemente negativo.
“Embora a adoção de FPSOs próprios possa resultar em redução de custos a longo prazo, isso requer um investimento inicial maior — especialmente em um momento em que os preços do petróleo estão sob pressão.”
O que pode mudar a visão sobre a Petrobras?
Na opinião do BTG, existem três cenários que poderiam aprimorar a perspectiva da empresa:
- A recuperação do preço do Brent para a faixa de US$ 70 a US$ 75, o que aumentaria consideravelmente a capacidade da empresa de pagar dividendos;
- Investimentos abaixo das previsões, uma tendência historicamente observada na Petrobras, que poderia liberar recursos no curto prazo;
- O ciclo eleitoral de 2026, que pode começar a afetar positivamente o sentimento do mercado, dependendo de uma maior clareza macroeconômica e fiscal — impactando diretamente o risco-país e o custo de capital para os acionistas.
“A Petrobras pode já não ser o destaque evidente de antes, mas ainda se mostra atraente. A combinação de ativos fundamentais robustos, competitividade nos custos e um dividend yield atrativo continua a oferecer valor no setor de produção na América Latina”, conclui o BTG.
PRIO ganha preferência
Embora o BTG mantenha uma perspectiva positiva em relação à Petrobras, a instituição prefere a PRIO (PRIO3), mencionando um maior potencial de valorização e flexibilidade nos investimentos, o que permite uma maior alavancagem em relação ao preço do petróleo, mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador.
Na semana passada, o banco ajustou o preço-alvo da PRIO de R$ 68 para R$ 65, o que ainda indica um potencial de valorização de aproximadamente 60%.