A Circle, emissora da stablecoin USDC, apresentou seu pedido de IPO na Bolsa de Nova York com o objetivo de levantar até US$ 624 milhões. Esse movimento destaca a crescente competição entre as stablecoins em meio ao fortalecimento da regulação do setor de criptomoedas nos Estados Unidos.
A Circle está prestes a se tornar uma das primeiras grandes empresas de criptomoedas a realizar um IPO nos Estados Unidos. No entanto, esse não é o único aspecto notável da oferta pública inicial da emissora da USDC, uma stablecoin vinculada ao dólar e que atualmente ocupa a sétima posição entre as criptomoedas em termos de valor de mercado.
A empresa planeja arrecadar aproximadamente US$ 624 milhões com sua oferta na Bolsa de Nova York (NYSE), com uma avaliação estimada em US$ 6,71 bilhões.
Essas informações foram divulgadas no registro enviado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) na terça-feira (27).
A Circle pretende listar suas ações Classe A sob o símbolo CRCL. O preço por ação deve variar entre US$ 24 e US$ 26, conforme indicado no prospecto. Os bancos JP Morgan, Citigroup e Goldman Sachs estão liderando a coordenação da oferta. Vale ressaltar que o preço final estará sujeito às condições do mercado.
Considerando um preço médio de US$ 25 e uma quantidade total de 217,3 milhões de ações diluídas, a Circle poderia alcançar um valuation de US$ 5,43 bilhões. Se o teto da faixa proposta for atingido e o número de ações emitidas chegar a 258 milhões, o valor de mercado da empresa poderia atingir US$ 6,7 bilhões, conforme indicado no documento.
Detalhes da oferta da Circle
A operação contempla a emissão de 24 milhões de ações Classe A, das quais 9,6 milhões são novas ações emitidas pela empresa e 14,4 milhões são ofertadas por acionistas já existentes. A ARK Invest, liderada por Cathie Wood, manifestou interesse em comprar até US$ 150 milhões em ações, conforme indicado no prospecto.
Além disso, a Circle planeja oferecer aos coordenadores da operação uma opção de 30 dias para a compra de até 3,6 milhões de ações adicionais, uma prática comum que visa atender a uma possível demanda maior do que a prevista.
Embora o registro tenha sido feito junto à SEC, a efetivação do IPO ainda depende da aprovação e do cumprimento de procedimentos regulatórios.
Entre os acionistas que irão vender suas ações está o CEO da Circle, Jeremy Allaire, cofundador da empresa desde 2013, que pretende se desfazer de cerca de 8% de sua participação. Outros executivos associados à companhia, como o cofundador Sean Neville e o CFO Jeremy Fox-Geen, também planejam vender aproximadamente 11% de suas participações.
Os investidores institucionais que participarão da venda incluem Accel, Breyer Capital, General Catalyst, IDG Capital e Oak Investment Partners, todos com uma redução aproximada de 10% em suas ações.
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Stablecoins na mira da regulação
Atualmente, o USDC da Circle possui US$ 62 bilhões em circulação, representando 27% do mercado de stablecoins, ficando atrás apenas da Tether (USDT), que detém 67%. Apesar disso, o USDC registrou um crescimento de 40% em valor de mercado em 2024, em comparação com apenas 10% da sua principal concorrente.
Esse crescimento está alinhado com a expectativa de avanços na regulação do setor nos Estados Unidos. Após um período de negociações complicadas, na semana passada, o Senado americano aprovou a primeira legislação focada em criptomoedas, com ênfase nas stablecoins. O ex-presidente Donald Trump expressou o desejo de sancionar a nova lei até agosto.
O IPO da Circle é também significativo para a Coinbase, que foi uma das cofundadoras do USDC. A corretora tem um acordo de divisão de receitas de 50% com a Circle e retém 100% dos juros gerados por produtos que utilizam a stablecoin em sua plataforma.
Tradicionalmente utilizadas principalmente para transações em exchanges e como colateral em protocolos DeFi, as stablecoins estão ganhando nova relevância. Sua habilidade de transferir dólares de forma rápida e econômica entre fronteiras atrai o interesse de bancos, fintechs e até governos.
Recentemente, autoridades dos EUA têm destacado a importância dessas moedas na manutenção do domínio global do dólar, uma vez que são majoritariamente lastreadas em títulos do Tesouro americano, o que aumenta a demanda por dívida pública dos EUA no exterior.