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Recorde do Ibovespa impulsionou preços históricos de 16 ações — cinco empresas registraram valorização superior a 50% no ano

Uma pesquisa realizada pela Elos Ayta revelou que um número significativo de ações acompanhou o rali do Ibovespa, com um setor se destacando mais do que os demais.

No dia 20, o Ibovespa ultrapassou pela primeira vez a marca simbólica de 140 mil pontos, finalizando o pregão em 140.109,63. Até essa data, o principal índice de ações da B3 acumulava uma valorização de 16,48% no ano, a segunda maior desde 2020, ficando atrás apenas do crescimento de 22,28% observado em 2023.

Na mesma data, o índice das maiores pagadoras de dividendos (IDIV) também superou a marca dos 10 mil pontos, encerrando em 10.054,91, com um avanço de 13,8% em 2025.

Essas pontuações representam os níveis mais altos já alcançados na história dos índices da B3.

O movimento de valorização, no entanto, não se restringiu apenas ao Ibovespa e ao IDIV.

Um número significativo de ações também acompanhou esse rali e, de acordo com a consultoria Elos Ayta, alcançou recordes nominais em seus preços.

Entre os dias 19 e 20 de maio, 11 ações do Ibovespa atingiram suas máximas históricas. No IDIV, 12 papéis seguiram o mesmo caminho. Além disso, outros seis ativos do índice de ações e cinco do índice de dividendos já haviam renovado seus máximos ao longo do mês.

Setores em destaque

Apesar dos recordes acumulados, o desempenho sugere uma seletividade entre os setores, conforme apontado pela Elos Ayta.

O setor de construção se destacou, com três incorporadoras apresentando valorizações superiores a 60% e alcançando novos preços históricos. As empresas são: Plano&Plano (PLPL3), com uma impressionante alta de 79,73%; Cyrela (CYRE3), que subiu 64,71%; e Lavvi (LAVV3), com um aumento de 61,67%.

Esse setor tem mostrado um bom desempenho nos últimos meses, impulsionado pelo programa Minha Casa Minha Vida. Além disso, a expectativa de estabilidade nas taxas de juros para o segundo semestre também beneficia o segmento, já que o mercado tende a antecipar as mudanças na política monetária.

Dentre os grandes bancos, apenas as ações do Itaú se destacaram entre os recordistas. Tanto as ações ordinárias (ITUB3) quanto as preferenciais (ITUB4) alcançaram novas máximas, com valorizações de 46,70% e 44,02% no ano, respectivamente.

No setor de energia elétrica, que é tradicionalmente apreciado por investidores que buscam dividendos, devido à sua forte geração de caixa e resiliência em períodos de crise, três empresas se sobressaíram.

Copel (CPLE3 e CPLE6), CPFL Energia (CPFE3) e Taesa (TAEE11) atingiram novos picos históricos.

Além disso, a Sabesp (SBSP3), impulsionada pela expectativa de melhorias após a privatização, registrou uma alta de 39,35% no ano, também alcançando uma máxima histórica.

Veja as ações que atingiram preços históricos no Ibovespa e no IDIV

Empresa (ticker)SetorPreço Histórico* (R$)Retorno (%) no ano
IDIV10.054,9113,8
Ibovespa140.109,6316,48
Plano&Plano (PLPL3)Incorporações14,8979,73
Cyrela Realty (CYRE3)Incorporações26,7564,71
Lavvi (LAVV3)Incorporações11,4561,67
Totvs (TOTS3)Programas e serviços42,0956,92
Direcional (DIRR3)Incorporações38,7552,99
Itaú ON (ITUB3)Bancos33,9746,7
Copel ON (CPLE3)Energia elétrica11,5846,04
Itaú PN (ITUB4)Bancos38,3544,02
Copel PNB (CPLE6)Energia elétrica12,5442,4
Porto (PSSA3)Seguradoras49,941,72
CPFL Energia (CPFE3)Energia elétrica40,8839,37
Sabesp (SBSP3)Saneamento119,3239,35
Itausa (ITSA4)Holdings diversificadas11,3638,24
Syn Prop Tec (SYNE3)Exploração de imóveis6,0318,09
Taesa (TAEE11)Energia elétrica35,8713,63
Santos Brasil (STBP3)Serviços de apoio e armazenagem13,635,97

Rali do Ibovespa vai durar?

Nesta quarta-feira (21), após atingir a marca histórica de 140 mil pontos, o Ibovespa apresentou uma queda de 1%, retornando aos 138 mil pontos.

O desempenho do índice de ações e dividendos é amplamente impulsionado pelo interesse de investidores estrangeiros, que estão transferindo seu capital do volátil mercado dos Estados Unidos para outros países, incluindo os emergentes.

No que diz respeito ao Brasil, especialistas afirmam que não existem fundamentos internos que justifiquem as altas consecutivas do Ibovespa.

Em entrevista ao Seu Dinheiro, André Leite, CIO da TAG Investimentos, comentou que os fundamentos econômicos do Brasil, na verdade, se deterioraram.

“O cenário fiscal brasileiro, com Lula em busca de reeleição, está piorando. Tivemos uma temporada de balanços relativamente boa, com alguns resultados surpreendentes, mas as taxas de juros permanecem elevadas, impactando negativamente as empresas.”

Por outro lado, há quem acredite que os 140 mil pontos sejam apenas o início.

Bruno Henriques, analista sênior de ações do BTG Pactual, enfatiza a qualidade das empresas que fazem parte do Ibovespa e os preços atrativos atuais.

A amplitude dos ganhos recentes, abrangendo empresas de diferentes setores e perfis, sugere que esse movimento é robusto. A valorização das ações ligadas à economia interna e setores mais resilientes, como construção civil e serviços públicos, reforça essa perspectiva.

Henriques também observa que o investidor brasileiro está subexposto à renda variável, o que indica um potencial para uma maior entrada de recursos no mercado acionário nacional.

Dependendo do ritmo dos cortes nas taxas de juros, da inflação sob controle e da estabilidade fiscal, o segundo semestre pode trazer novos recordes.

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