As ações respondem à nova atualização do plano de expansão da empresa, que revisou para baixo a estimativa de aumento no número de leitos até 2028.
As ações da Rede D’Or (RDOR3) estão liderando as quedas do Ibovespa no início da tarde desta terça-feira (3), apresentando uma desvalorização de 3,95%, cotadas a R$ 35,95 por volta das 12h20.
Essa queda é reflexo da atualização do plano de expansão da empresa, divulgada no Formulário de Referência de 2025, lançado no último sábado (31). No novo documento, a companhia revisou suas metas de capacidade de longo prazo, reduzindo em 21% a expectativa de novos leitos até 2028.
Agora, a rede hospitalar projeta criar 3.203 novas vagas nos próximos três anos, em comparação às 4.036 previstas anteriormente.
Para o ano de 2025, o plano atualizado estima a adição de 491 novos leitos — uma diminuição de quase 45% em relação aos 898 que eram esperados antes.
Em 2026, a previsão é de 868 leitos, reduzidos dos 1.117 anteriormente projetados. Para 2027, espera-se a criação de 893 leitos, em relação aos 771 que estavam estimados anteriormente. Por fim, para 2028, a expectativa é de adicionar 951 novos leitos, comparado aos 1.250 do plano anterior de 2024.
Nos projetos greenfield (construções novas em áreas sem hospitais), houve uma diminuição de 14%, resultando em 640 novos leitos.
Além disso, a empresa revisou para baixo o custo de capital por leito, que agora é de R$ 1,4 milhão, em comparação aos R$ 1,5 milhão que eram estimados anteriormente.
O que isso significa para a Rede D’Or
De acordo com a análise do Bradesco BBI, a diminuição do plano de expansão é vista como um fator amplamente negativo para a Rede D’Or, especialmente em um cenário onde as projeções de crescimento dos planos de saúde pela SulAmérica são otimistas e o ambiente competitivo favorece os hospitais, considerando a exposição limitada da empresa a operadoras com dificuldades financeiras.
Além disso, o corte significativo nos projetos brownfield — que geralmente são mais rentáveis e não necessitam de credenciamento de pagadores — também é um indicativo negativo, sugerindo perspectivas de crescimento mais fracas nos mercados em que já atua.
“Entretanto, notamos que a nova meta de 3,2 mil leitos ainda representa um aumento robusto de 25% na capacidade e fica bem acima da nossa estimativa de 1,5 mil leitos, pois adotamos uma abordagem conservadora ao excluir qualquer expansão além de 2026”, afirmam os analistas em seu relatório.
O Goldman Sachs classificou a mudança como levemente negativa. “Esperávamos algumas alterações na nova versão do plano de expansão, um processo natural em que a empresa reavalia a demanda e os desafios operacionais para a implementação de novos projetos.” No entanto, a magnitude da revisão foi considerada impressionante pelo analista Gustavo Miele.
Na perspectiva do banco, a redução nos custos deve ajudar a aliviar as despesas financeiras, enquanto o impacto no Ebitda (lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) deve ser pequeno no curto prazo, já que os projetos levam tempo para começarem a gerar receita.
O BTG Pactual observou que alguns investidores já não levavam o plano anterior ao pé da letra. Assim, a revisão trouxe uma projeção mais realista. Segundo sua equipe de análise, a empresa parece estar adotando uma postura mais cautelosa — provavelmente em resposta ao elevado custo de capital no Brasil e às recentes exclusões de rede por parte de alguns planos de saúde em determinadas regiões.
A revisão do custo por leito para baixo foi um aspecto positivo; no entanto, os analistas esperavam um aumento no pipeline de longo prazo devido à recente joint venture com o Bradesco.
“Ainda assim, acreditamos que a Rede D’Or continua bem posicionada para liderar a consolidação do mercado hospitalar privado no Brasil e potencialmente dobrar seu tamanho na próxima década”, destacam os analistas Samuel Alves e Maria Resende em seu relatório. Para o banco, as ambições de longo prazo da empresa permanecem inalteradas — muitos projetos ainda estão na fase de “a definir”.
O que fazer com as ações?
Diante dessa situação, o Goldman Sachs decidiu manter sua recomendação de compra para as ações RDOR3, estabelecendo um preço-alvo de R$ 41 em um horizonte de 12 meses, o que sugere uma valorização potencial de 9,5% em relação ao último fechamento.
O BTG Pactual também reafirmou sua perspectiva otimista em relação aos papéis da empresa, com um preço-alvo de R$ 44 e um potencial de crescimento de 17,5% até o final de 2025. “Continuamos a enxergar a Rede D’Or como a principal consolidadora do setor, com a capacidade de dobrar seu tamanho na próxima década. É a nossa principal escolha entre as empresas do setor de saúde”, declarou o BTG.