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Regulação das stablecoins trava no Senado dos EUA e Federal Reserve emite novo alerta sobre riscos

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O projeto conhecido como GENIUS Act enfrenta dificuldades no Senado devido a um confronto entre democratas e republicanos, que surgiu após polêmicas envolvendo Donald Trump, sua família e o setor de criptomoedas.

Enquanto o mercado de criptomoedas respira um pouco longe das pressões macroeconômicas, a situação regulatória nos Estados Unidos voltou a esquentar. A aguardada legislação sobre stablecoins, que visava estabelecer diretrizes claras para o setor, ficou parada no Senado americano e não avançou na semana passada.

Na segunda-feira (12), expirou o prazo para a apresentação de uma moção de reconsideração, um procedimento que poderia ter revertido a rejeição da proposta. Contudo, nenhum senador protocolou esse pedido. Apesar disso, senadores republicanos ainda alimentam a esperança de que uma negociação com a oposição possa mudar essa realidade.

O projeto, denominado GENIUS Act, tinha como meta criar uma base regulatória para criptomoedas lastreadas em dólar e desenvolver um ambiente favorável à inovação no setor de ativos digitais. No entanto, sua aprovação foi dificultada pelo crescente envolvimento do presidente Donald Trump e sua família em negócios lucrativos relacionados ao universo das criptomoedas.

Um dos incidentes mais recentes que gerou polêmica entre os democratas ocorreu no final de abril, quando Eric Trump, filho do presidente dos EUA, anunciou que a stablecoin USD1 — criada pela World Liberty Financial, empresa vinculada à família Trump — seria utilizada em um investimento de US$ 2 bilhões do fundo estatal MGX, de Abu Dhabi, na corretora de criptomoedas Binance.

Além do impasse legislativo, o Federal Reserve (Fed) fez um novo alerta. O banco central dos Estados Unidos destacou os riscos relacionados às stablecoins emitidas por instituições não bancárias e sugeriu a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa.

Apesar do cenário político tumultuado, o mercado de criptomoedas conseguiu manter uma boa parte dos ganhos obtidos recentemente. Por volta das 14h, de acordo com informações do CoinMarketCap, o bitcoin (BTC) estava cotado a US$ 103 mil, enquanto outros ativos digitais importantes apresentavam aumentos significativos nas últimas semanas — com o ethereum (ETH) se destacando ao registrar uma alta de 42,87%.

Veja como está o desempenho das dez principais criptomoedas do mundo hoje:

#Nome (Símbolo)Preço (USD)24h %7d %YTD %Market Cap (USD)
1Bitcoin (BTC)US$ 103.379,900,36%6,71%10,69%US$ 2,05 tri
2Ethereum (ETH)US$ 2.590,110,40%42,87%22,25%US$ 312,70 bi
3Tether (USDT)US$ 1,000,00%0,01%0,22%US$ 150,37 bi
4XRP (XRP)US$ 2,550,30%20,70%9,97%US$ 149,54 bi
5BNB (BNB)US$ 651,881,40%8,84%7,73%US$ 91,84 bi
6Solana (SOL)US$ 176,520,55%21,54%8,95%US$ 91,72 bi
7USDC (USDC)US$ 1,000,01%0,02%0,00%US$ 60,68 bi
8Dogecoin (DOGE)US$ 0,233,00%36,40%28,53%US$ 34,60 bi
9Cardano (ADA)US$ 0,811,87%21,69%12,20%US$ 28,45 bi
10TRON (TRX)US$ 0,282,30%11,78%7,88%US$ 26,22 bi

Trump, criptoativos e o racha político

O envolvimento de Trump no setor de criptomoedas gerou tensões em Washington. A coalizão bipartidária que apoiava o projeto GENIUS Act se fragmentou, especialmente entre os democratas. A senadora Elizabeth Warren, a principal representante do Partido Democrata no Comitê Bancário do Senado, começou a liderar uma nova oposição à proposta.

Warren argumenta que a iniciativa deve ser utilizada como um meio para impedir que um presidente em exercício obtenha lucros com ativos digitais, em resposta às movimentações financeiras significativas de Trump e sua família nesse mercado.

“A rejeição da proposta representa um grande revés, agora enfrentamos um futuro mais incerto”, declarou Caio Barbosa, CEO da Lumx, uma empresa brasileira focada em infraestrutura para stablecoins, em uma postagem no LinkedIn.

De acordo com Barbosa, as disputas internas — particularmente em relação à segurança nacional e ao combate à lavagem de dinheiro — prejudicaram a aliança bipartidária. Ele acredita que parte dessas tensões pode estar ligada ao aumento de tarifas promovido por Trump, que alterou as dinâmicas políticas nos bastidores do Congresso.

“Sem um marco regulatório definido, o mercado de stablecoins continua exposto a regulamentações fragmentadas e à insegurança jurídica”, complementou o executivo.

Apesar desse obstáculo, o projeto ainda pode ser reavaliado — embora em circunstâncias mais desafiadoras. Membros do Partido Republicano acreditam que ainda há caminhos processuais que poderiam possibilitar a reabertura do debate, caso se consiga estabelecer um novo diálogo com os democratas.

Fed liga o alerta para stablecoins não bancárias

Enquanto isso, o Comitê Consultivo de Instituições de Depósito Comunitárias (CDIAC), vinculado ao Federal Reserve, emitiu um alerta sobre os riscos sistêmicos associados às stablecoins que não estão sob a regulação convencional.

O comitê enfatizou que ativos digitais emitidos por instituições não bancárias, se deixados sem supervisão, podem resultar em situações de corrida bancária, afetando tanto o sistema financeiro tradicional quanto as exchanges e plataformas do ecossistema cripto.

A recomendação do CDIAC é que essas moedas sejam integradas aos marcos regulatórios já existentes, como forma de mitigar riscos e assegurar a estabilidade do sistema financeiro.

“As stablecoins possuem um apelo considerável, mas devemos priorizar uma regulamentação robusta para garantir a estabilidade dos nossos sistemas financeiros”, afirmou Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em declarações anteriores.

Além disso, o relatório do comitê destacou que a expansão descontrolada dessas moedas pode comprometer a capacidade de empréstimos dos bancos, especialmente aqueles focados em operações locais e de menor escala. Sem requisitos equivalentes de liquidez, as stablecoins poderiam impactar negativamente a oferta de crédito no sistema bancário tradicional.

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