O dólar à vista (USDBRL) caiu abaixo de R$ 5,50 na última segunda-feira (16), alcançando seu menor nível desde outubro do ano passado.
Em relação ao real, a moeda americana apresenta uma queda de aproximadamente 11% até o momento neste ano.
Além disso, o dólar opera em mínimas no acumulado anual. O índice DXY, que mede o dólar em comparação a uma cesta de seis moedas fortes (euro, iene, libra, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), registra uma queda de 9% desde janeiro.
Segundo André Valério, economista sênior do Inter, esse movimento global de desvalorização do dólar em relação a diversas moedas reflete a crescente incerteza desde a posse de Trump. Ele acredita que a moeda americana deve continuar “fraca” no curto prazo, com influências globais sendo o principal fator que impacta sua cotação.
Dólar a R$ 5,70
De acordo com as previsões do Inter, o dólar à vista deve permanecer entre R$ 5,50 e R$ 5,60 nos próximos meses.
André Valério comentou que a expectativa é de um enfraquecimento global do dólar. No contexto nacional, ele acredita que a situação está relativamente estabilizada, apesar das preocupações fiscais. Ele não antecipa medidas que possam impactar significativamente o mercado de câmbio no curto prazo.
Apesar da valorização do real nos últimos meses, Valério acredita que há espaço para uma desvalorização até o final do ano, prevendo que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,70. Essa estimativa é próxima ao valor de R$ 5,77 indicado por economistas no Boletim Focus do Banco Central.
O Inter considera uma possível saída de capitais em dezembro, embora menos intensa do que a ocorrida no ano anterior, que foi a maior da história do Brasil. Valério comentou que é provável que haja movimentações no mercado, que podem ser menos acentuadas do que no passado, especialmente em um período próximo ao ciclo eleitoral, o que tende a aumentar a incerteza e a volatilidade.
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O que enfraqueceu o dólar até agora
O dólar fechou 2024 com uma alta de quase 28% em relação ao real, sendo cotado próximo a R$ 6,20.
André Valério, economista sênior do Inter, acredita que a valorização significativa da moeda no ano anterior contribuiu para uma correção mais acentuada nos primeiros meses deste ano. Ele aponta que a moeda norte-americana começou 2025 com uma cotação elevada, e a incerteza gerada pelo novo governo Trump levou o mercado a um comportamento cauteloso.
Valério também menciona que o enfraquecimento do dólar está relacionado às ações do presidente dos EUA. Em abril, Trump anunciou tarifas recíprocas sobre importações, mas já fez ajustes em algumas medidas e continua em negociações com outros países.
“Ele muda de posição frequentemente, criando expectativas de que pode voltar atrás. Isso gera incertezas e volatilidade no mercado, apesar da aparente tranquilidade na guerra comercial com a China”, comenta Valério.
Apesar das recentes incertezas, Valério acredita ser prematuro afirmar que estamos testemunhando o fim do excepcionalismo americano. Ele observa que a economia dos EUA ainda apresenta crescimento, um mercado de trabalho saudável e uma taxa de desemprego baixa, sem indícios claros de recessão e com inflação controlada.
“O mercado norte-americano continua forte e pode manter seu desempenho anterior. No entanto, as dúvidas sobre as tarifas trazem incerteza sobre a continuidade desse excepcionalismo”, conclui o economista.
Na semana passada, as tensões geopolíticas aumentaram a incerteza entre os investidores globalmente, mas o impacto no dólar foi moderado.
O conflito entre Israel e Irã provocou uma breve volatilidade no câmbio brasileiro, resultando em uma desvalorização do real no início do dia devido a uma aversão ao risco. No entanto, essa movimentação foi temporária e rapidamente revertida na mesma sessão, indicando que os efeitos foram mínimos para o Brasil, segundo um relatório do Inter.
O banco sugere que a intensificação das tensões no Oriente Médio pode ter um efeito positivo para o Brasil, que possui um superávit comercial considerável em petroderivados e pode se beneficiar de um aumento nos preços do petróleo.
De modo geral, países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, tendem a se beneficiar com a valorização dos preços das commodities, como petróleo e minério de ferro.