O Safra revisou sua estimativa de preço para as ações da Vale (VALE3), reduzindo de R$ 72 para R$ 68 após uma reunião com a diretoria da empresa. O novo valor sugere um potencial de valorização de 26% em relação ao fechamento mais recente, mantendo a recomendação de compra.
De acordo com a análise do Safra, essa diminuição se deve a projeções mais baixas para os resultados do níquel, refletindo um aumento no ponto de equilíbrio e uma queda nos preços do minério de ferro. A instituição também mencionou que ajustou para baixo os prêmios de longo prazo, o que contribuiu para o aumento do ponto de equilíbrio.
Ainda assim, os analistas consideram que a ação se mostra interessante, com um múltiplo de EV/Ebitda (valor de mercado em relação ao lucro operacional) projetado em 3,7x para 2025. Além disso, a empresa deve apresentar um retorno médio de 12% em fluxo de caixa (FCF) entre 2025 e 2027, o que representa uma comparação favorável em relação aos seus pares australianos, que têm um EV/Ebitda médio de 5,2x e um FCF médio de apenas 3%.
Vale otimista com o mercado de minério
Durante a reunião, a Vale reafirmou sua confiança em relação aos preços do minério de ferro, mesmo diante do ceticismo que permeia o mercado.
A empresa destacou que alguns desafios, como problemas macroeconômicos globais, a baixa atividade econômica na China e a deterioração da sazonalidade da oferta, estão impactando o setor.
No entanto, a administração da Vale acredita que a complexidade e o alto investimento necessários para desenvolver novos projetos limitarão o aumento da oferta no futuro.
Além disso, a Vale mencionou que os volumes do Simandou, considerado o maior projeto de mineração do mundo e pertencente à Rio Tinto, podem inicialmente pressionar os preços do minério de ferro. Contudo, a expectativa é de que o esgotamento das reservas atuais ajude a equilibrar essa nova oferta ao longo do tempo.
Quanto à demanda, a Vale observa que o consumo de minério de ferro na China pode sofrer uma queda. No entanto, essa redução pode ser equilibrada pelo aumento da demanda em outras partes do mundo.
Dividendos ou recompra?
Durante o encontro com os analistas, a Vale reafirmou seu compromisso com um plano de investimento de US$ 5,9 bilhões por ano, embora esteja buscando maneiras de reduzir esse montante.
O Safra comentou que, caso as condições de mercado se agravem além do que a administração prevê, a Vale possui flexibilidade para diminuir os investimentos em relação à meta atual.
Atualmente, para beneficiar os acionistas, a administração opta por realizar recompras de ações em vez de distribuir dividendos extraordinários.
No que diz respeito a fusões e aquisições, a Vale analisou a possibilidade de investir na Bamin, uma mineradora brasileira que é subsidiária da cazaque Eurasian Natural Resource Corporation. No entanto, a empresa concluiu que o alto investimento necessário para tornar o projeto viável torna essa opção menos atrativa.