Na análise do mercado, um dos fatores que impulsionam a performance positiva neste pregão é a expectativa de uma fusão entre as companhias aéreas.
A expectativa de uma fusão entre as duas gigantes do setor aéreo brasileiro impulsiona as ações da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) nesta quinta-feira (22). Desde o início da sessão, ambas as empresas têm registrado um desempenho forte, liderando os ganhos na bolsa brasileira e no Ibovespa.
Por volta das 13h10, os papéis da GOLL4 apresentavam uma alta de 19,57%, sendo negociados a R$ 1,65. Ao mesmo tempo, as ações da AZUL4 subiam 13,73%, cotadas a R$ 1,16.
Segundo analistas do mercado, a expectativa em torno de uma possível fusão entre as companhias está contribuindo significativamente para essa performance positiva.
- Veja também: Magazine Luiza (MGLU3) desponta como uma das maiores altas do Ibovespa — o que está por trás da arrancada?
Entretanto, uma possível fusão entre as empresas não é o único elemento que está beneficiando as ações; a queda nos preços do petróleo no mercado internacional também alivia a pressão sobre as companhias neste dia.
Considerado um dos principais custos para as companhias aéreas, o petróleo está em baixa hoje. Os contratos futuros do Brent — que serve como referência no mercado global — para junho registravam uma queda de 1,11%, sendo negociados a US$ 64,19 por barril.
Vem aí fusão entre Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4)?
Nos últimos dias, a Gol informou que está se aproximando do término do seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A companhia apresentou seu plano para concluir o Chapter 11, que é equivalente à recuperação judicial no Brasil, iniciado em janeiro de 2024.
A empresa chegou ao encontro com notícias animadoras: na semana passada, conseguiu captar US$ 1,9 bilhão e conta com o apoio da maioria dos credores.
Com essa aprovação, a Gol deve avançar para os trâmites finais do processo, que deve ser concluído no início de junho, de acordo com as estimativas da companhia. No dia 30 de maio, está marcada uma assembleia geral para aprovar o aumento de capital previsto no plano de recuperação.
De acordo com Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, a expectativa de que a Gol finalize sua reestruturação de dívidas nos EUA “aumenta o interesse por uma fusão com a Azul”.
“Isso traz benefícios para ambas as empresas no longo prazo”, comentou o analista. “As melhorias resultantes dessa fusão, como o aumento da liquidez e do fluxo de caixa, além do crescimento da capacidade no mercado doméstico, favorecem as perspectivas de recuperação do setor.”
Finanças da Azul (AZUL4) podem atrapalhar casamento
A saída da Gol do Chapter 11 sempre foi considerada crucial para o progresso das negociações de uma possível fusão com a Azul, uma vez que o objetivo dessa operação seria formar uma companhia aérea mais robusta.
Atualmente, com a Gol se aproximando do fim de sua recuperação judicial nos EUA, essa possibilidade está sendo avaliada pela Azul.
Segundo informações da Bloomberg, a Azul está em negociações com potenciais credores para um financiamento de aproximadamente US$ 600 milhões, que poderia apoiá-la em um eventual processo de recuperação judicial.
Na visão de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a Azul “segue elaborando estratégias para captar recursos” e, considerando que os fundos oferecidos pelo governo são insuficientes para atender suas necessidades, além da deterioração nas avaliações de crédito e do sucesso da Gol e da Latam em suas respectivas reestruturações, “a probabilidade de a Azul seguir o mesmo caminho aumenta”.
“Nesse contexto, uma fusão com a Gol poderia ser postergada até que esse processo seja concluído”, acrescentou o analista.
Em resposta aos rumores sobre uma possível recuperação judicial, a Azul declarou que “acompanha constantemente alternativas” que possam fortalecer sua estrutura de capital e preservar sua liquidez, com foco na sustentabilidade de suas operações a longo prazo.
A companhia destacou que tem feito avanços significativos na redução de sua dívida e alavancagem. Em comunicado ao mercado, afirmou que continua em discussões com parceiros para otimizar sua estrutura de capital e sua posição de liquidez.
Os analistas André Ferreira, do Bradesco BBI, e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos, também acreditam que a entrada da Azul no Chapter 11 pode provocar atrasos ou até mesmo o cancelamento das negociações.
“O futuro do negócio ainda é incerto. O CEO da Gol, Celso Ferrer, mencionou que o grupo está empenhado em garantir que a Gol saia dessa reestruturação em uma posição forte e que um acordo com a Azul não se torne necessário”, destacaram.